10 de abril de 2016

GUERREIRA DO SANHAROL - Por Mundim do Vale.


GUERREIRA DO SANHAROL

No ano de 1945, chegava pra morar na casa dos meus pais a menina Geralda de Pedro Batista, (hoje Geralda Aquino). Nós fomos nascendo e crescendo com aquele cuidado e bondade daquela que nós chamávamos Cacá e depois Lalái, até que gerou uma grande afeição para todos nós....
No ano de 1957, Lalái casava com Tomaz Aquino. Na época tinha um costume na região, que a moça depois de casada ficava 15 dias na casa dos pais, para só então passar a viver com o marido.
Aqueles 15 dias foram uma tortura para mim e meus irmãos. No dia da partida a choradeira foi geral. Chorava Geralda de um lado e a meninada do outro. Meu pai tentando resolver aquele problema falou:
- Não precisa desse drama, não. Geralda vai é pro Sanharol, não é pra guerra não. Quando for no domingo, Raimundo e João vão deixar as galinhas que ela ganhou de presente de casamento e passam o dia com ela.
No domingo nós arranjamos um pau e meu pai amarrou seis galinhas pelas pernas e nós partimos pela estrada velha. Quando nós passávamos em frente à casa de Zé André, ele disse:
- Eita, que os Piauzinhos vão tomar a freguesia de Soarim.
Na passagem pela bodega de Raimundo Sabino, ele falou:
- Vocês vão dar de comer às raposas do Inharé?
Quando chegamos ao destino final, estava Margarida de Santiago na calçada e foi logo dizendo:
- Eita! Que no chiqueiro de Iraci não ficou nem um pinto.
Depois de fazer a entrega e matar a saudade, nós fomos brincar de baralho com os filhos de Carmelita, no grupo do Sanharol. Enquanto nós estávamos na brincadeira, uma das galinhas foi condenada sumariamente à morte. Não sei o que ela fez para merecer castigo tão grande, melhor seria aplicar uma surra de cipó.
Aquela diligência, eu e meu irmão João Morais fizemos quatro domingos seguidos, Quando acabaram as galinhas, nós procurávamos Seu Nelinho pra saber se ele não tinha alguma
encomenda que quisesse mandar pra Tomazinho,

Isolando as brincadeiras, esse texto foi desenvolvido para dizer do reconhecimento com a guerreira, que foi mãe e irmã para nós.
Abraço de gratidão para Geralda e seus filhos, genros, noras, netos.

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