12 de janeiro de 2016

Afinidade







Afinidade é um dos poucos sentimentos que
 resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante,
 mas o mais sutil, delicado e
penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.
Não importa o tempo,  a ausência,
 os  adiamentos, as distâncias,  as
impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando
parecido a respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
 É receber o que vem do outro com
aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com,
Não é sentir contra,
Nem sentir por,
Nem sentir pelo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou,
quando é falar, jamais explicar ,
apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes
 e iguais esperanças.
É conversar no silêncio,
 tanto nas possibilidades exercidas quanto das
impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto
  em que parou sem lamentar o tempo
de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades
 dadas (ou tiradas) pela vida.

( Texto de Arthur da Távola)





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