5 de julho de 2014

Morrer para vida.

 
 Li em um jornal de bairro uma historinha que vou contar aqui do meu jeito pra vocês. É a história do pássaro encantado e a menina triste.
 A menina triste esperava todos os dias o pássaro que depois de uma longa ausência aparecia para contar suas aventuras e retirá-la de sua profunda tristeza. E voltava sempre com novas plumas coloridas e novas emocionantes histórias. A menina triste ficava cada vez mais apaixonada pelo pássaro encantado, mas, quando ela menos esperava o pássaro voava para mais uma longa temporada distante da amiga triste e ela curtia mais uma longa temporada de tristeza...
 Ela sentia muita saudade do amigo e não suportava mais sua ausência, pois sempre que ele estava presente ela era feliz, mas sabia que essa felicidade era passageira e logo ele voaria para novas aventuras pelo mundo. A menina triste teve uma ideia, quando ele voltar o prenderei em uma gaiola e nunca mais sentirei saudade e ficarei triste.
 E como de costume o pássaro volta com nova plumagem e novas histórias para contar. E encantada com a volta do amigo, só tendo olhos e atenção para ele, espera que ele adormeça para prendê-lo. A menina triste fica feliz imaginando que agora o teria por toda vida, mas seu amigo ao acordar percebe que está preso em uma gaiola e nunca mais poderá viajar e acumular conhecimentos para contar à sua amiga menina triste...
- Porque me prendestes? Meu encanto consistia na minha liberdade! E dali em diante começa a declinar se apequenar em sua prisão e sua linda plumagem vai ficando feia, cinzenta sem brilho, não sabe mais contar novas histórias para sua amiga, e ela voltando da janela em que curtia sua tristeza, abriu a gaiola e deixou que o pássaro ganhasse sua liberdade, pois descobriu que a saudade é necessária e é parte integrante da nossa vida.
 Quando me encontro sem inspiração para escrever eu viajo e aqui a viagem é virtual e nessas andanças descobri que algumas pessoas só melhoram com a morte. E como melhorar morto? Fácil, morra de mentira, mas com atestado de óbito e tudo, faça novos documentos, seja outra pessoa e viva o novo homem ou mulher que desejas ser.

 Francisco Gonçalves de Oliveira.


Um comentário:

  1. Francisco,

    Impossível não fazer uma tremenda viagem nesse texto.

    "É preciso morrer para se estar vivo. Viajar é preciso. Amar é preciso. Reciclar-se é necessário para tornar a realidade menos dura."
    Parabéns, amigo conterrâneo. Abraço de Fafá Bitu

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