16 de julho de 2017
O ALZHEIMER DESCRITO PELO PACIENTE - Por Fáfa Bitu
Sou médico aposentado e professor de medicina. E tenho Alzheimer.
Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.
Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.
Hoje, sabendo que tenho a doença, consegui determinar quando ela começou, há 10 anos, quando estava com 76. Eu presidia um programa mensal de palestras sobre ética médica e conhecia a maior parte dos oradores. Mas, de repente, precisei recorrer ao material que já estava preparado para fazer as apresentações. Comecei então a esquecer nomes, mas nunca as fisionomias. Esses lapsos são comuns em pessoas idosas, de modo que não me preocupei.
Nos anos seguintes, submeti-me a uma cirurgia das coronárias e mais tarde tive dois pequenos derrames cerebrais. Meu neurologista atribuiu os meus problemas a esses derrames, mas minha mente continuou a deteriorar. O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer.
Minha mulher insistiu para eu consultar um médico. Meu clínico-geral realizou uma série de testes de memória em seu consultório e pediu depois uma tomografia PET, que diagnostica a doença com 95% de precisão. Comecei a ser medicado com Aricept, que tem muitos efeitos colaterais. Eu me ressenti de dois deles: diarreia e perda de apetite.
Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos.
Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos.
Em dois meses, senti-me muito melhor e hoje quase voltei ao normal.
Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.
Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.
Hoje sabemos que esse material é o acumulo de uma proteína chamada beta-amiloide. A hipótese principal para o mecanismo da doença de Alzheimer é que essa proteína se acumula nas células do cérebro, provocando uma degeneração dos neurônios. Hoje, há alguns produtos farmacêuticos para limpar essa proteína das células.
No entanto, as placas de amiloide podem ser detectadas apenas numa autópsia, de modo que são associadas apenas com pessoas que desenvolveram plenamente a doença. Não sabemos se esses são os primeiros indicadores biológicos da doença.
Mas há muitas coisas que aprendemos. A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória: tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.
Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva. Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.
Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize o seu dia. Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.
Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas. Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.
A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos e quase a metade dos que têm mais de 85. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer nos EUA dobre até 2030.
Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda estou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação. Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos.
Arthur Rivin
(Foi Clínico-Geral e é Professor Emérito da Universidade da Califórnia)
Arthur Rivin
(Foi Clínico-Geral e é Professor Emérito da Universidade da Califórnia)
15 de julho de 2017
A PACIÊNCIA - Por Vicente Almeida
Não importa
quem está com a razão, importa mesmo é evitar discussões desgastantes e
improdutivas.
Quem está
com a razão é mais capaz de ceder do que aquele que não a tem.
Muitas brigas
surgem motivadas por pouca coisa ou coisas nenhuma, mas se avolumam e se
inflamam com o calor da discussão. Isso acontece porque algumas pessoas
têm a tola pretensão de não levar desaforo para casa e terminam é levando
muita amargura dentro de si. As vezes passa tanto tempo para esquecer ou
perdoar que se transforma em mágoa
resultando daí inúmeras doenças nervosas.
Quando a
discussão é acalorada e no seio da família resulta em tensão e nervosismo, o
que só faz mal para todos, e muitas vezes as consequências são
devastadoras e irreversíveis.
Para nosso
bem, o bom seria evitar discussões improfícuas e desnecessárias. Quem age assim
sempre sai ganhando, pois, não se desgasta com emoções que inexoravelmente
lhe provocariam sérios problemas de saúde.
Toda discussão
abala nosso sistema imunológico e a longo prazo somos a própria vítima de
nosso orgulho, preconceito e prepotência. Mesmo tendo razão nem por isso
devemos ser arrogantes.
Na vida
é muito importante aprender a arte de não se irritar e deixar por menos ou
encontrar uma saída inteligente. Existe saída inteligente e honrada para
tudo, principalmente se um dos contendores assim o desejar.
Quem se
irrita aspira o tóxico que exterioriza em volta e envenena a si próprio
violentando seu eu interior que precisa de paz.
Pense em
você. Pense também nos outros.
Escrito por: Vicente Almeida
14 de julho de 2017
AS EMOÇÕES DE UMA VIDA - Por Fafá Bitu
Durante muito tempo, tive vontade de conhecer outras cidades além da minha querida Várzea Alegre. A mais próxima, tida como cidade grande, era o Crato, distante uns oitenta quilômetros.
Como na época, eu já apresentava sinais de miopia, meus pais planejaram levar-me ao Crato para uma consulta oftalmológica. E o tempo passava, até que certo dia, meu pai me falou: "Amanhã Fátima iremos ao Crato fazer a sua consulta." Foi uma alegria imensa, saber que iria finalmente conhecer a cidade que chamavam de Cratinho de Açúcar e eu não sabia por que!
Fui dormir ansiosa e no dia seguinte viajamos para o Crato. Lá chegando papai nos hospedou (eu e minha irmã) no hotel de Dona Alaíde, achei o maior barato, tudo pra mim era novidade.
No horário marcado, fomos para o consultório médico e após a consulta fomos a ótica para confeccionar os óculos receitados. Naquele tempo senti-me envaidecida ao usar aquela peça. Achava o máximo, tudo pra mim era novidade.
Aos 15 anos concluí o primeiro grau, oitava série, nem sei como dizem hoje. Fui novamente ao Crato, dessa vez para registrar no FOTO SARAIVA a minha conclusão da oitava série.
Aos 18 anos, minha irmã Isabel Bitu que até hoje é a minha fada madrinha me trouxe para conhecer Fortaleza, foi a primeira vez que eu vi o mar.
Foi em uma de festa de aniversário que um ortopedista milagroso sugeriu que eu fizesse a cirurgia que me faria caminhar. Bela emoção! Foi o suficiente para eu passar um ano sem estudar entre hospitais e clínicas de fisioterapia. Isso me rendeu a grande alegria de usar um aparelho ortopédico e caminhar tranquila sem cair.
Passei até os 20 anos lutando para não me apegar a ninguém, só depois percebi que não era exatamente assim, não adiantava eu fugir de uma pessoa que lutava para me fazer feliz.
Cursei a faculdade de Letras brilhantemente, me apaixonei pela língua francesa. Logo na colação de grau, fui contemplada pelo primeiro e único emprego que me rendeu a independência financeira tão almejada!
O trabalho para mim sempre foi uma terapia. Aos 45 anos decidi fazer um curso de verão em Paris, a tão sonhada viagem que tanto adiei mas queria ir antes dos 50 anos, algo me dizia que o momento era aquele.
Passei 3 dias em "Lisboa, velha cidade" de onde tenho as melhores recordações.
Em Paris passei um mês sem falar português. Tanto na casa em que me hospedei como na escola ninguém falava a língua de Camões. Tive saudades nos primeiros dias mas foi um grande aprendizado e ao voltar pude passar toda essa experiência para meus alunos que me aguardavam ávidos por informações.
Trabalhei no Centro de Línguas - IMPARH durante 25 anos, dedicação exclusiva. Amava meu trabalho e não pensava em me aposentar, recebi homenagens as mais diversas. Diziam que eu era uma boa professora.
O tempo passou e precisei me aposentar para cuidar da minha irmã SOCORRO que contraíra ALZHEIMER. Virei cuidadora, patroa, dona de casa. Os 50 anos não foram comemorados como eu planejara. havia uma pessoa carente precisando de mim. Tenho certeza de que cumpri minha missão e sou feliz por isso. Agora me pergunto: quantas emoções ainda viverei até meus 70 anos?
Aos 15 anos concluí o primeiro grau, oitava série, nem sei como dizem hoje. Fui novamente ao Crato, dessa vez para registrar no FOTO SARAIVA a minha conclusão da oitava série.
Aos 18 anos, minha irmã Isabel Bitu que até hoje é a minha fada madrinha me trouxe para conhecer Fortaleza, foi a primeira vez que eu vi o mar.
Foi em uma de festa de aniversário que um ortopedista milagroso sugeriu que eu fizesse a cirurgia que me faria caminhar. Bela emoção! Foi o suficiente para eu passar um ano sem estudar entre hospitais e clínicas de fisioterapia. Isso me rendeu a grande alegria de usar um aparelho ortopédico e caminhar tranquila sem cair.
Passei até os 20 anos lutando para não me apegar a ninguém, só depois percebi que não era exatamente assim, não adiantava eu fugir de uma pessoa que lutava para me fazer feliz.
Cursei a faculdade de Letras brilhantemente, me apaixonei pela língua francesa. Logo na colação de grau, fui contemplada pelo primeiro e único emprego que me rendeu a independência financeira tão almejada!
O trabalho para mim sempre foi uma terapia. Aos 45 anos decidi fazer um curso de verão em Paris, a tão sonhada viagem que tanto adiei mas queria ir antes dos 50 anos, algo me dizia que o momento era aquele.
Passei 3 dias em "Lisboa, velha cidade" de onde tenho as melhores recordações.
Em Paris passei um mês sem falar português. Tanto na casa em que me hospedei como na escola ninguém falava a língua de Camões. Tive saudades nos primeiros dias mas foi um grande aprendizado e ao voltar pude passar toda essa experiência para meus alunos que me aguardavam ávidos por informações.
Trabalhei no Centro de Línguas - IMPARH durante 25 anos, dedicação exclusiva. Amava meu trabalho e não pensava em me aposentar, recebi homenagens as mais diversas. Diziam que eu era uma boa professora.
O tempo passou e precisei me aposentar para cuidar da minha irmã SOCORRO que contraíra ALZHEIMER. Virei cuidadora, patroa, dona de casa. Os 50 anos não foram comemorados como eu planejara. havia uma pessoa carente precisando de mim. Tenho certeza de que cumpri minha missão e sou feliz por isso. Agora me pergunto: quantas emoções ainda viverei até meus 70 anos?
Escrito por: Fafá Bitu
13 de julho de 2017
PARA MINHA MÃE - Por Fafá Bitu
Sou apaixonada por essa foto. Encontrei num álbum antigo. Suponho que ela só tinha 9 anos. Quase não frequentou escola, acho que naquele tempo se estudava apenas para ser dona de casa.
Havia a ESCOLA DOMÉSTICA que preparava as meninas para serem exímias donas de casa. O máximo que uma moça poderia conquistar naquela época era se tornar professora.
Às vezes nem precisava tanto estudo; já estava pronta para ser esposa (tinha que casar!), dona de casa e mãe. Foi o que aconteceu com essa menina da foto, casou cedo teve 12 filhos e aprendeu no dia-a-dia a arte de ser mãe "e padecer no paraíso."
Não quero dizer que essa menina da foto foi infeliz afinal ela encontrou sua alma gêmea. Meu pai a amava incondicionalmente e para aquela época, ela era ao mesmo tempo a rainha do lar e a dona de tudo: a última palavra era a sua.
E como ela nos amou a todos com seu jeito sincero de ser! Digo que minha mãe padeceu no paraíso porque ela foi especial, sofreu o preconceito das pessoas com sua filha deficiente e passou a vida lutando contra esse preconceito bobo que para mim não tinha nada a ver.
É para você, Dona Vicentina, que rendo minha homenagem sempre. Quero lembrar de você em um momento especial quando você ouviu meu nome no rádio e me aplaudiu assim: " Fafá passou no vestibular" Oh mamãe, tive tantas outras vitórias mas você não estava mais pertinho de mim, te amo mulher guerreira!
Escrito por: Fafá Bitu
DÚVIDAS - Por João Bitu
“Nem tudo que parece coincidência é de fato”
Quando dois pássaros voam
Guardando certa distância
Mas com bastante constância
Na mesma árvore pousam,
E um mesmo canto entoam
De idêntica preferência
E com a mesma frequência...
É se expor de bandeja!
-Há quem possa crer que seja.
Uma mera coincidência?
Muitas dúvidas eu tenho
Mas posso estar enganado
Porém muito desconfiado
Há algum tempo eu venho.
Propagar eu me abstenho
É questão de consciência
Não julgo por aparência
Prefiro ficar na minha
Não cometer picuinha.
-Mas é muita coincidência!
Escrito por: João Bitu
A CHAVE NÃO É PARA TRANCAR... É PARA ABRIR - Por Vicente Almeida
A CHAVE QUE LIBERTA!
Se dispensarmos a devida atenção ao ler o evangelho, sempre encontraremos profundos e práticos ensinamentos para toda a vida.
Faltam cento e sessenta e quatro dias para o Natal, data em que celebraremos o nascimento de Jesus Cristo. Falemos um pouco sobre sua passagem e os ensinamentos que Ele nos legou.
Um dia Jesus disse a Pedro: - “EU vou te dar a chave do reino dos céus!”.
Aqui no ocidente, quando falamos em chave, pensamos logo em poder, em trancar algo. E cada chave logo se destina a uma fechadura.
Mas, na linguagem de Jesus, não era bem isso que ele queria dizer. A palavra chave não significava poder, mas, abertura, acolhimento, encontro.
O que Jesus estava propondo a Pedro era ensinar a ele, como chegar a esse estado de espírito que nós chamamos de CÉU. Jesus era um mestre. Sua função era ensinar como chegar lá onde ele estaria após sua ressureição.
Para isto, era preciso conhecer o segredo, possuir a chave certa! Era este segredo que ele queria comunicar a Pedro.
E Jesus recomendou que, depois de aprender, Pedro deveria ensinar o segredo aos outros discípulos e recomendar que eles retransmitissem seus ensinamentos.
É desta forma que entendo este texto evangélico. Poucas são as vezes em que ele se manifestou de forma literal. Sempre havia uma parábola ou um texto falado de tal forma, que exigia a compreensão do ouvinte para entender o que realmente ele queria dizer. As verdades são difíceis de ser entendidas e mais ainda de serem aceitas!
Escrito por
Vicente Almeida
13/07/2017
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