O ENCONTRO DE SÃO RAIMUNDO NONATO COM GETÚLIO VARGAS NA FESTA DE AGOSTO
Dedico ao Major Joaquim Alves
Quarta e Última Parte:
31 de AGOSTO
A chegada de Getúlio
Transformou toda a cidade.
Trouxe muita empolgação,
Euforia e vaidade;
Oradores, bons poetas
E gente de toda idade.
Às sete horas da manhã,
Sentindo grande emoção
Assistiu bonita missa,
Antes da celebração,
Realizada pelo bispo
Em solene comunhão.
Enobrecendo o momento
Houve aula magistral
Realizada, às onze horas,
No salão paroquial,
Um pouco antes da salva
Da banda municipal.
Este evento grandioso
Foi bastante aplaudido
Com muitos participantes
E sucesso garantido
Tendo, na pauta, um bom tema
Ainda pouco discutido.
O assunto apresentado
Nesta aula inaugural
Rezava sobre a mudança,
De forma descomunal,
De mudar nome de rua
Desrespeitando a moral.
Do Cedro, participaram
Luiz Moura e BC Neto,
Barros Alves, jornalista,
Um trio muito completo,
De cultura avantajada
E prestígio, além do teto.
O Arievaldo e O Klévisson,
Rouxinol e Zé Maria
Formaram forte quarteto
Sem demonstrar euforia
Demonstrando para a mesa
Uma grande sintonia.
Padre Vieira chegou
Com Otacílio e Bidinho,
Tendo o major Joaquim Alves
Se acomodado, sozinho.
Lá atrás, Chiquinho de Louso
Assistia num cantinho.
Getúlio começa o evento
Mostrando a sua versão:
Diz numa conversa franca
Da grande decepção
Ao encontrar a sua rua
Nos braços de outro, então.
Nesse momento, o major
Joaquim Alves, bem ciente,
Fala que tem grande mágoa,
Um desgosto permanente,
Por não ter mais o seu nome
Na via que se fez gente.
Reconhece em Otacílio
Um soberbo cidadão,
Que ganhou a sua vida
Com muita dedicação
Ao trabalho e ao seu povo
Sem se opor à razão;
Que sendo senhor do tempo
Teve um marco estrutural,
Foi um grandioso empresário
De fama nacional
E foi eleito por sua gente
Deputado Estadual;
Que apesar de trabalhar
Sua vida com dureza,
Tinha um senso de humor
Externando a sua grandeza,
Não esquecendo a origem,
Grande ato de nobreza.
Relembro aqui o seu destino,
Que lhe deu o Deus amado
Por vir morrer nessa terra,
O seu berço abençoado,
Encerrando assim um ciclo
No sertão idolatrado.
Porém, apesar de ver,
Que a mudança ocorreu
E sentindo em Otacílio
Um homem que mereceu
Fiquei muito magoado
Com o que me aconteceu.
Encerrando a sua fala
Muito emocionado
Relembra papai Raimundo
O seu pai idolatrado
Dirigindo a palavra
Para outro contemplado.
Padre Vieira o saúda
Pela sua citação
Relembrando ao grande público
Uma enorme doação,
Que em vida ele ofertou
Pra cidade em construção.
Mas o padre do jumento
Vendo o major magoado
Lembrou que não foi só ele,
Que se sentiu chateado,
Recordando santo Ambrósio,
O São Braz injustiçado.
Para aqueles que não sabem,
Num passado mais profundo,
A imagem de São Braz
Passou-se por São Raimundo
Até que um novo vigário
Sanasse o erro fecundo.
São Raimundo anuncia
Pra findar, se manifesta,
Que haverá a apuração
Isso ninguém lhe contesta
E que uma grande caminhada
Encerrará a nobre festa.
Encerrando o grande encontro
Padre Vieira incrementa
Um contraste improvisado
Por Bidinho, que comenta,
E este com a sua viola
Bonito mote apresenta:
Várzea Alegre traz a graça
Dos contrastes naturais
Onde os fatos bem reais
A população abraça.
Chora no meio da praça
A tradição que perdeu.
Novo contraste nasceu
Com decisão descabida
A guerra não combatida
O major morto perdeu.
O Poder Legislativo
Que nomeia toda a rua
Na cantiga da perua
Dá um bote bem ativo.
Muda o nome primitivo
Da rua de seu Dirceu.
Deu cabo a quem já morreu
Sem a defesa merecida
A guerra não combatida
O major morto perdeu.
Major Joaquim Alves tem
Pra nós, passado fecundo
Pois para papai Raimundo
Foi um filho muito além.
Ao povo ele fez o bem
E a cidade o agradeceu.
Nome de rua lhe deu
Agradecendo a sua lida
A guerra não combatida
O major morto perdeu.
Amigo vereador,
Representante da gente,
Você abriu um precedente
Histórico de valor.
Mudou na rua o primor,
Que o povo lhe concedeu.
O passado não valeu
Nem a luta destemida
A guerra não combatida
O major morto perdeu.
Sávio Pinheiro
(CAPITULO II CORDEL - DO LIVRO ESTRELA DALVA)
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