13 de dezembro de 2013

O ENCONTRO DE SÃO RAIMUNDO NONATO COM GETÚLIO VARGAS NA FESTA DE AGOSTO

O ENCONTRO DE SÃO RAIMUNDO NONATO COM GETÚLIO VARGAS NA FESTA DE AGOSTO
Dedico ao Major Joaquim Alves
 Quarta e Última Parte:

31 de AGOSTO

A chegada de Getúlio
 Transformou toda a cidade.
 Trouxe muita empolgação,
 Euforia e vaidade;
 Oradores, bons poetas
 E gente de toda idade.

Às sete horas da manhã,
 Sentindo grande emoção
 Assistiu bonita missa,
 Antes da celebração,
 Realizada pelo bispo
 Em solene comunhão.

Enobrecendo o momento
 Houve aula magistral
 Realizada, às onze horas,
 No salão paroquial,
 Um pouco antes da salva
 Da banda municipal.

Este evento grandioso
 Foi bastante aplaudido
 Com muitos participantes
 E sucesso garantido
 Tendo, na pauta, um bom tema
 Ainda pouco discutido.

O assunto apresentado
 Nesta aula inaugural
 Rezava sobre a mudança,
 De forma descomunal,
 De mudar nome de rua
 Desrespeitando a moral.

Do Cedro, participaram
 Luiz Moura e BC Neto,
 Barros Alves, jornalista,
 Um trio muito completo,
 De cultura avantajada
 E prestígio, além do teto.

O Arievaldo e O Klévisson,
 Rouxinol e Zé Maria
 Formaram forte quarteto
 Sem demonstrar euforia
 Demonstrando para a mesa
 Uma grande sintonia.

Padre Vieira chegou
 Com Otacílio e Bidinho,
 Tendo o major Joaquim Alves
 Se acomodado, sozinho.
 Lá atrás, Chiquinho de Louso
 Assistia num cantinho.

Getúlio começa o evento
 Mostrando a sua versão:
 Diz numa conversa franca
 Da grande decepção
 Ao encontrar a sua rua
 Nos braços de outro, então.

Nesse momento, o major
 Joaquim Alves, bem ciente,
 Fala que tem grande mágoa,
 Um desgosto permanente,
 Por não ter mais o seu nome
 Na via que se fez gente.

Reconhece em Otacílio
 Um soberbo cidadão,
 Que ganhou a sua vida
 Com muita dedicação
 Ao trabalho e ao seu povo
 Sem se opor à razão;

Que sendo senhor do tempo
 Teve um marco estrutural,
 Foi um grandioso empresário
 De fama nacional
 E foi eleito por sua gente
 Deputado Estadual;

Que apesar de trabalhar
 Sua vida com dureza,
 Tinha um senso de humor
 Externando a sua grandeza,
 Não esquecendo a origem,
 Grande ato de nobreza.

Relembro aqui o seu destino,
 Que lhe deu o Deus amado
 Por vir morrer nessa terra,
 O seu berço abençoado,
 Encerrando assim um ciclo
 No sertão idolatrado.

Porém, apesar de ver,
 Que a mudança ocorreu
 E sentindo em Otacílio
 Um homem que mereceu
 Fiquei muito magoado
 Com o que me aconteceu.

Encerrando a sua fala
 Muito emocionado
 Relembra papai Raimundo
 O seu pai idolatrado
 Dirigindo a palavra
 Para outro contemplado.

Padre Vieira o saúda
 Pela sua citação
 Relembrando ao grande público
 Uma enorme doação,
 Que em vida ele ofertou
 Pra cidade em construção.

Mas o padre do jumento
 Vendo o major magoado
 Lembrou que não foi só ele,
 Que se sentiu chateado,
 Recordando santo Ambrósio,
 O São Braz injustiçado.

Para aqueles que não sabem,
 Num passado mais profundo,
 A imagem de São Braz
 Passou-se por São Raimundo
 Até que um novo vigário
 Sanasse o erro fecundo.

São Raimundo anuncia
 Pra findar, se manifesta,
 Que haverá a apuração
 Isso ninguém lhe contesta
 E que uma grande caminhada
 Encerrará a nobre festa.

Encerrando o grande encontro
 Padre Vieira incrementa
 Um contraste improvisado
 Por Bidinho, que comenta,
 E este com a sua viola
 Bonito mote apresenta:

Várzea Alegre traz a graça
 Dos contrastes naturais
 Onde os fatos bem reais
 A população abraça.
 Chora no meio da praça
 A tradição que perdeu.
 Novo contraste nasceu
 Com decisão descabida
 A guerra não combatida
 O major morto perdeu.

O Poder Legislativo
 Que nomeia toda a rua
 Na cantiga da perua
 Dá um bote bem ativo.
 Muda o nome primitivo
 Da rua de seu Dirceu.
 Deu cabo a quem já morreu
 Sem a defesa merecida
 A guerra não combatida
 O major morto perdeu.
 Major Joaquim Alves tem
 Pra nós, passado fecundo
 Pois para papai Raimundo
 Foi um filho muito além.
 Ao povo ele fez o bem
 E a cidade o agradeceu.
 Nome de rua lhe deu
 Agradecendo a sua lida
 A guerra não combatida
 O major morto perdeu.
 Amigo vereador,
 Representante da gente,
 Você abriu um precedente
 Histórico de valor.
 Mudou na rua o primor,
 Que o povo lhe concedeu.
 O passado não valeu
 Nem a luta destemida
 A guerra não combatida
 O major morto perdeu.
 Sávio Pinheiro

(CAPITULO II CORDEL - DO LIVRO ESTRELA DALVA)

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