Hoje seria festa: 63 anos de meu irmão Luiz. Lembro ainda de cada gesto seu, da sua ousadia de irmão protetor quando alguém olhava para mim “diferente " como ele dizia. Fomos irmãos, colegas, parceiros, cúmplices...ele me levava ao colégio todo dia, sabia de suas paqueras, passava recado. Quando o parque de diversões chegava, me levava todas as noites, quando o locutor anunciava “Lílian” do Nilton César eu sabia quem havia encomendado, adivinhava meus pensamentos e como! Um dia teve a grande ousadia de me ensinar a andar de bicicleta, eu sabia que no fundo havia mais uma boa intenção para comigo. Pois aprendi e logo ganhei a monareta do ano: último lançamento...assim sendo ele estaria livre para cuidar de sua vida longe de seu "adorável robô" como me chamava.. soube depois que me recomendou a colegas de classe: João Geraldo, José Quintino, Raimundo Pedro, Aldenízio., Wilson, Viana...para me ajudar na descida e subida das ladeiras mais tranqüila, ele sabia que podia contar com essa turminha que depois da áula me acompanhava, cantando: "pedalando contra o vento, sem lenço sem documento num sol de quase dezembro, eu vou..."
Bom, uma fada madrinha me trouxe para Fortaleza e fomos a vários médicos, dentre eles um ortopedista competente que me operou e mais uma vez, ele estava do meu lado, me carregando nos braços, me protegendo porque eu estava engessada e totalmente dependente. Foi quase perfeito na sua missão de irmão mas não queria estudar, dizia a todos: “Fafá estuda por mim”.
Foi chamado à casa do PAI aos 28 anos. Pensei que fosse morrer de tristeza mas aconselhada por meus pais e irmãos, convidei seus melhores amigos e fizemos um brinde na festa de minha formatura, afinal, a vitória era um pouco dele também.
ADORÁVEL ROBÔ - ele me chamava assim quando eu usava aparelho ortopédico, realmente parecia muito, hoje posso me virar sozinha sem a monareta, sem o aparelho...queria tanto que ele pudesse ver como estou agora.
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