13 de março de 2015

EU E AS MINHAS SAUDADES - REPRISE




Dizem que todo mundo tem um amigo, primo, irmão ou cunhado poeta. Pra ser poeta não precisa escrever livro: basta tocar o nosso coração.

A homenagem do sou de varzea alegre hoje vai para meu irmão João Bitu que consegue tocar nossos corações com sua poesia enaltecendo a familia, a imensa saudade das CARNAÚBAS onde nasceu,  VÁRZEA ALEGRE onde curtiu sua juventude, a cidade maravilhosa onde conheceu o grande amor de sua vida: LUZINETE e que até hoje partilham esse lindo amor, curtindo os  filhos e netos. Todas as homenagens hoje vão para você, meu irmão, que enche nosso blog  de pura emoção com suas bela arte de escrever.
 
AS CARNAÚBAS

Bem ao lado do Riacho do Machado
Que molha com suas águas correntes
As margens férteis desde sua nascente
E se alongam até um final distanciado
Ali fica o Sítio Carnaúbas, berço amado
Onde Pompílio viu o meu nascimento
Iniciando o bem aventurado surgimento
De uma prole bem sucedida e amada
Que veio a ser chamada “a bituzada”
Por um poeta em inspirado momento.
Zé Bitu foi seu líder bem sucedido
Um cidadão de rara prudência e saber
Através de quem tudo havia de ser
Ministrado e com muito dispor exercido...
De certo modo era um homem introvertido
Não se prestando ao “disse me disse”
Que de qualquer esquina partisse
Limitando-se ao repente habitual
Que lhe era, por instinto, muito natural
E que na ocasião, por ventura, lhe surgisse.
Ao seu lado sempre se dedicando com fervor
Aos afazeres do lar de paz raríssima
Dona Vicentina a esposa e Mãe castíssima
A tudo assistia e compartilhava com muito amor...
Sua afeição e o seu zelo eram um primor
E consistiam em ensinar e dar educação
Aos diversos filhos ainda em formação
Reservando a eles um futuro de grandeza
Mostrando-lhes sempre o bem com firmeza
Ao doar com carinho frutos de seu coração
Com quantas saudades lembro a Tia Isa!
E Chiquinho, - ela cheia de amor e de fé
Os dois ocupavam um aconchegante chalé
Que recebia uma suave e saudável brisa
Cujo aroma ainda hoje me sensibiliza.
Pequenos detalhes são aos quais me agarro
Por mais que sejam alguns até bizarros,
Todo dia, mesmo tendo eu já jantado  
Corria lá a degustar um saboroso pegado          
Que ela deixava ao fundo duma panela de barro
Antonio Alves Bitu meu tio e padrinho
Por muitos chamado de Seu Antõe
Ficou mesmo com o cognome “Nonõe”
A cuja alcunha acolheu com carinho
Jamais ficava separado dum cigarrinho
Posto na boca ou atrás de sua orelha                                                            
Formando constante e imutável parelha
De tanto fumar triste e penosa sina
Veio a contrair enfermidade maligna
Que à fatalidade e ao óbito só se assemelha;
Afonso Bitu era agricultor e barbeiro
Amargava uma existência muito sacrificada
Herdou uma propriedade bem isolada
Num local conhecido por Romeiro
Ficava por lá trabalhando o dia inteiro
Sem fazer em casa qualquer desjejum
Lá ficava dando duro sem alimento nenhum
Somente à tarde quando para casa voltava
Era então que precariamente preparava
Para si uma alimentação bem comum.
Num casebre de taipa em penúria absoluta
Habitava meu mestre Pompílio José Duó
Cidadão muito humilde e pobre que nem Jó
Que criava uma enorme família em cruenta luta
Era, mesmo assim, um homem de ilibada conduta
Que em decência e bondade submerso
Subsistia a tudo em seu cruel viver adverso
E nem deixava transparecer o sofrimento e sua dor.
Com determinação, firmeza e pretenso penhor
Foi ele quem me ensinou a fazer versos

As Carnaúbas foram uma escola em minha vida
O berço duma doce e feliz existência
Cenário da mais pura e saudável convivência
Fase que em tempo algum será esquecida...
Oh que saudade daquela infância querida
Das coisas naturais e belas que lá ficaram
Pátria em que o amor e a minha paixão habitaram
Suscitando hoje esta vera e fiel história
Daquele sítio de imensa e saudosa memória
Minhas Carnaúbas onde tais fatos se registraram
João Bitu

 
 
 
 
 
 

4 comentários:

  1. Agradeço a POSTAGEM e confesso a consderação e respeito a mim dispensados!
    João Bitu

    ResponderExcluir
  2. Essa poesia é muito significante para JOÃO BITU. Foi aí que meus pais começaram a vida conjugal e foram muito felizes até mudarem para VÁRZEA ALEGRE quando os filhos começaram a vida escolar.
    Dedicamos esse poema aos tios e primos que ali também moraram.

    ResponderExcluir
  3. POEMA REVISADO

    AS CARNAÚBAS

    Bem ao lado do Riacho Machado
    Que molha com suas águas correntes
    As margens férteis desde sua nascente
    Que se alongam até um final distanciado
    Lá estão as Carnaúbas, berço amado
    Onde Pompílio viu meu nascimento
    Começando o feliz surgimento
    De uma prole bem sucedida e amada
    Que “a bituzada” veio a ser chamada
    Por um poeta em inspirado momento.

    Zé Bitu seu líder bem sucedido
    Um cidadão de prudência e saber
    Através de quem tudo havia de ser
    Ministrado e com dispor exercido...
    Ele era um homem introvertido
    Não se prestando ao “disse me disse”
    Que de qualquer uma esquina partisse
    Limitando-se ao repente habitual
    Que lhe era por instinto natural
    Como na oportunidade surgisse.

    De seu lado sempre com mui dispor
    Senhora de um lar de paz raríssima
    Dona Vicentina Esposa/ Mãe castíssima
    Tudo assistia e comandava com amor...
    Sua afeição e zelo eram um primor
    Consistiam em dar educação
    Aos diversos filhos em formação
    Oferecendo um futuro de grandeza
    Destinando-lhes o bem com firmeza
    Ao doar frutos de seu coração

    Com quantas saudades lembro Tia Isa!
    E Chiquinho, - ela cheia de amor e de fé
    Os dois ocupavam aconchegante chalé
    Que recebia uma suave brisa
    Cujo aroma ainda me sensibiliza.
    Pequenos detalhes são aos quais me agarro
    Por mais que sejam alguns até bizarros.
    Todo dia, mesmo tendo eu já jantado
    Lá ia degustar gostoso pegado
    Ao fundo duma panela de barro

    Antonio Alves Bitu tio e padrinho
    Por vários, conhecido como Seu Antõe
    Ficou mesmo com o cognome “Nonõe”
    A cuja alcunha atendia com carinho
    Jamais fugia de seu cigarrinho
    Posto na boca ou atrás de sua orelha
    Formando uma constante parelha.
    De tanto fumar triste e penosa sina
    Veio contrair enfermidade maligna
    Que ao tédio e ao raquitismo se assemelha.

    Afonso era agricultor e barbeiro
    Tinha uma vida sacrificada
    Herdou uma propriedade isolada
    Num local conhecido por Romeiro
    Ficava trabalhando o dia inteiro
    Sem fazer em casa sequer o desjejum
    Dava duro sem alimento algum.
    Somente de tarde quando voltava
    Era então que para si preparava
    Uma alimentação por demais comum.

    Num casebre em penúria absoluta
    Morava Pompílio José Duó
    Cidadão muito humilde e pobre como Jó
    Que criava família em árdua luta
    Mesmo assim, de ilibada conduta,
    Em decência e bondade submerso
    Subsistia a tudo num viver adverso.
    Jamais deixou transparecer a dor.
    Com coragem, firmeza e penhor.
    Foi ele quem me ensinou a fazer versos

    As Carnaúbas foram na minha vida
    Berço duma alegre e feliz existência
    Cenário da mais doce convivência
    Fase que em tempo algum será esquecida...
    Oh que saudade dessa infância querida
    Onde tantas coisas belas se passaram
    E que em meu ser se perpetuaram
    Suscitando hoje uma singela história
    Do sítio de saudosa memória
    Onde esses tais fatos se registraram

    João Bitu

    ResponderExcluir
  4. Obrigado. Meus trabalhos foram todos revisados, com o intuito de lhes oferecer uma melhor estrutura. Sou grato pela oportunidade!
    João Bitu

    ResponderExcluir