19 de setembro de 2012

PLACIDEZ - por João Bitu

Já bem próximo dos oitenta
Eis que a vida se afunila
Não é mais só quarenta.
A temperatura oscila
O bem estar entra em pane
E daí ninguém se engane
Adeus à vida tranqüila!

Em razão de qualquer fato
Por mais simplório que seja
Vem pesar de imediato
Quando menos se deseja
Para não ser regressivo
Nem tampouco depressivo
Que o Senhor me proteja!

Apesar desta idade
Vou seguir se Deus quiser
Revivendo a mocidade
Até quando força houver
 Digo com toda certeza
Vou mandar minha tristeza
Para outro lugar qualquer

Quero apenas ser olhado
Com bons olhos ao redor
Não sentir-me alijado
Pois ser mal quisto é o pior.
Necessário é ser amado
Com carinho e ser tratado
Para me sentir melhor

Que justiça seja feita
A quem a fez com fervor
Compensar toda desfeita
Com juízo e destemor
Destinando com ternura
A toda e qualquer criatura
Muita paz e muito amor

A mais pura das virtudes
É saber retribuir
Com decentes atitudes
Que de nós possam fruir
É dar com graça e decência
Elegância e transparência
Só visando o porvir

João Bitu





3 comentários:

  1. Meu irmão, basta olhar para você e já se nota claramente que é tudo isso e muito mais. Fique tranquilo, aquele lá de cima está vendo tudo e você será recompensado. Adorei PLACIDEZ. Parabéns, irmão querido!

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  2. João Bitu, mui amigo:

    Sua elegância se percebe até mesmo nos poemas que escreve quando faz algum desabafo sobre qualquer assunto. O poeta tem plena liberdade de expressão.
    Diz o que sente, escreve o que a mente comanda e dar evasão aos sentimentos.
    Falar sobre a idade através de versos não é pra todo mundo.A vida nos presenteia com uma avalanche de novidades. Boas ou não, é verdade! Só meu amigo, que com oitenta, com a vivacidade e maturidade de que é possuidor, é privilégio! O senhor PASCOAL, é merecedor e possuidor de uma mente sadia, sem a preocupação de escorregar no esquecimento que, pela lógica dos anos poderão surgir já que estamos caminhando para uma dessas estradas cheias de pedregulhos.
    Com certeza, será visto conforme diz seus versos:

    Quero apenas ser olhado
    Com bons olhos ao redor
    Não sentir-me alijado
    Pois ser mal quisto é o pior.
    Necessário é ser amado
    Com carinho e ser tratado
    Para me sentir melhor.
    Abraços: Fideralina.

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  3. AUTOPSICOGRAFIA
    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.

    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.

    Fernando Pessoa

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