30 de outubro de 2014

Calem a Boca Nordestinos!

Calem a Boca Nordestinos!
 
 Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste! Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
 Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

 Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo? Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!
 E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano. Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
 Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura… Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
 Ah! Nordestinos…
 Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura. E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros à força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país. Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo? Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar. Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
 Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!
 Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
 Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
 Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
 Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
 Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!
 Por José Barbosa Junior

28 de outubro de 2014

AO SERVIDOR PÚBLICO



Parabéns a todos os servidores públicos e em especial aos que trabalham no CENTRO DE LÍNGUAS - IMPARH,. Trabalhei nessa entidade durante 25 anos e não poderia deixar passar essa data  em branco. O professor é também um funcionário a partir do momento que  interage com aquelas pessoas mágicas que contribuem para o bom andamento de nosso trabalho  e são tantos e tão queridos! Já estou afastada por tempo de serviço mas não esqueço da nossa convivência. Parabéns prezado colega! Você é acima de tudo um grande guerreiro.
Considero essa foto uma relíquia, aí estamos na sala dos professores com as secretárias ANA BRITO E VERÔNICA.

20 de outubro de 2014

DAS CARNAÚBAS À CIDADE - JOÃO BITU






DAS CARNAÚBAS À CIDADE
Quero hoje andar montado
 Através do pensamento
 Esquecer por um momento
 Este viver agitado
 Cavalgando no passado!!
 Meu bom Pai por empreitada
 Confiava-me a jornada
 De ir à RUA em cangalha
 Se a memória não me falha
 Sempre na burra Dourada!

Eu usava este animal
 Quase que todo dia
 Pra buscar mercadoria
 Na bodega de Lourival
 Aquilo mais trivial
 De grande necessidade.
 O de maior raridade
 Se ali viesse a faltar
 Então eu ia comprar
 Noutros pontos da cidade.

Eu saia às sete horas
 Pela manhã bem cedinho
 Cavalgando com carinho
 Não usava nem esporas! ...
 Se não houvesse demoras
 Nada surgisse em contrário
 Ao curso do itinerário,
 Após cumprir a missão
 Sem causar preocupação
 Voltava sempre no horário

Montava junto à calçada
 Acionava a condução
 Pelo lado do casarão
 Iniciava a jornada
 Que me fora confiada.
 Minha vontade primeira
 Era de qualquer maneira
 Parar um pouco que fosse
 Na casinha de João Posse
 Depois chegar a Ribeira!

Eu nem sentia calor
 Alegre e sempre cantando
 Minha montada trotando
 Até Manoel Salvador,
 Eu dava o maior valor!
 Ninguém mais feliz que eu
 Nada mau me aconteceu
 Era uma maravilha
 Depois chegava à Forquilha
 Onde minha Mãe nasceu!

Um pouquinho antes só
 Tinha Maria Vitorino
 Que cozia um divino
 E gostoso Pão de Ló,
 Cujo, segundo Vovó,
 A gente come que abusa
 Por mais que ela produza
 Não logra dar vencimento
 Tudo se vai em um momento
 Pondo o freguês ao relento
 E muita gente confusa!

Atravessava o Machado
 Uma ponta do Riacho
 Ali já perto eu acho
 Se não estou enganado
 Era meio caminho andado.
 Minha burra era um tesouro
 E sempre dava no couro
 Em tempo algum falhava,
 Logo, logo se alcançava
 A várzea do Bebedouro.

São Cosme ficava adiante
 Logo após Bebedouro
 “Dos “COSTA” um logradouro”
 Seu principal habitante
 Uma família importante!
 Para falar a verdade
 Com toda sinceridade
 Eu já me sentia assim
 Depois de Fábio Pimpim
 Em clima já da cidade.

Quando a tarde começava
 Eu já estava voltando
 Bem devagar cavalgando
 Como sempre eu gostava
 E o bom senso mandava.
 O sol quente feito brasa
 Mas isto não me atrasa
 Fazia mesmo questão
 De não causar inquietação
 Chegando na hora em casa

Com a carcaça cansada
 Porém muito satisfeito
 Comprara tudo direito
 Não tinha esquecido nada,
 Também a burra Dourada
 Apesar do corpo doído
 Eu estava convencido
 Pela sua expressão
 Que mostrava a sensação
 Também - do dever cumprido.

João Bitu

18 de outubro de 2014

DIA DO MÉDICO - por Sávio Pinheiro





DIA DO MÉDICO
(ainda atual)
 Abaixo de Deus...
 Só o senhor, doutor!

 No meu recatado universo hipocrático, percebo no dia do médico um sentimento diferente dispensado pelas instituições de saúde aos possuidores da milenar arte de curar como não havia jamais acontecido.
 Sinto, comovido, como se pulverizou o sentimentalismo que transmitia ao esculápio uma postura mística, profissional, social e individual, digna, e que fazia do profissional da medicina uma figura quase que enigmática. Não que o médico queira ou detenha essa marca, mas por uma cultura imposta milenarmente pelo imaginário popular.
 O misticismo da medicina entrou em decadência quando a sociedade, através dos meios de comunicação e orientações educativas, teve acesso as informações e aos métodos científicos empregados, o que foi bastante benéfico para a população. Todavia, a decadência dos demais atributos ousa acontecer de forma mais contundente.
 A maneira desrespeitosa e assustadora que as esferas governamentais estão dispensando a esse segmento profissional dissemina-se sobre a sociedade de modo equivocado produzindo uma cobrança social exagerada, cuja solução não está sendo devidamente planejada ou executada. Há muito, o setor saúde deixou o posto de prioridade.
 A profissão de médico perde o encanto num momento em que todos se acham sê-lo, vez em quando ou toda vez, devido a uma banalização profissional impetrada decorrente da crescente carência de profissionais e da diminuta oferta de serviços, favorecendo, sobremaneira, o descontentamento agressivo de uma demanda reprimida. Daí, os discípulos de Hipócrates rezarem uníssonos:
 - Oh, quão ingrata és tu, plêiade respeitosa, que nos desprezais!
 No mais, só nos resta, para o sossego da nossa já tão deteriorada autoestima, o consolo da magnífica pérola de domínio público, que nos coloca no segundo escalão da existência universal:
 Abaixo de Deus...
 Só o senhor, doutor!

15 de outubro de 2014

MINHA ALUNA – ZEZÊ BITU - por ISABEL VIEIRA




MINHA ALUNA – ZEZÊ BITU

Sob as bênçãos do SENHOR
Sua vida foi GERADA
E em todos os momentos
Por ELE sempre GUIADA...!!!
ZEZÊ, dádiva divina
De família ABENÇOADA
Pela maneira de ser
É por todos muito AMADA...
Menina, moça, mulher
Uma jóia PRECIOSA
Portadora de virtudes
Fiel e RELIGIOSA ...
Minha amiga, minha aluna
No Colégio São RAIMUNDO
Atenciosa e esforçada
Pessoa melhor do MUNDO...
Naquele tempo, bem jovem
Dentro das LIMITAÇÕES
Com esforços aprendeu
De português, muitas LIÇÕES...
Empenhou-se na sintaxe
Funções do “quê” ESTUDOU
Verbos e acentuação
Por tudo se INTERESSOU...
Também nas outras matérias
Sempre se esforçou BASTANTE
Buscando os conhecimentos
Sem perder nenhum INSTANTE...
Recebia de suas manas
Apoio e ORIENTAÇÃO
Elas todas sempre unidas
No ideal da EDUCAÇÃO...
Uma estudante pontual
Obediente e DEDICADA
Por professores e colegas
Era bastante ESTIMADA.
ZEZÊ, com seu jeito meigo
Cativou todo PESSOAL
Era aquela discente
De uma calma sem IGUAL...
Dos nobres familiares
Recebe atenção e CARINHO
Vive ao lado da FAFÁ
No aconchego do seu NINHO...
Dessa prezada estudante
Jamais vou me ESQUECER
Pra ela, todo o meu afeto
Isto eu me orgulho em DIZER...
Que a nossa Mãe Maria
Com seu manto PROTETOR
Cubra-a constantemente
Com saúde , paz e AMOR...!!!
Quão valioso foi o tempo
Naquela Escola QUERIDA
Com luta, paz e união
Buscávamos o “BEM” pra VIDA...
Nestes versinhos singelos
Sem normas OBEDECER
Venho com toda alegria
Um presente lhe TRAZER,
Minha amizade sincera
Com o meu maior PRAZER...!!!
A você, querida ZEZÊ, com um carinho todo ESPECIAL!!!
Sua professora e amiga, ISABEL VIEIRA DE OLIVEIRA SILVA
JUAZEIRO DO NORTE, CE, 28 de junho de 2011
(Claro que é mais uma reprise mas como eu consegui fazer a montagem que Zezê sempre sonhou, achei que o texto ideal seria esse. PARABÉNS, ISABEL VIEIRA!)

14 de outubro de 2014

CONFISSÃO - JOÃO BITU

CONFISSÃO
 Andei triste... até fiz jura.
 Pretendi não mais rimar
 Pensei mesmo em parar
 E dedicar-me a leitura.
 Sem ânimo e sem postura,
 Com pouca inspiração
 Sem poder de criação!
 Pensei melhor, entretanto,
 A prosseguir por enquanto,
 Foi aí, então, que a fé
 Fez manter-me de pé
 E pôs fim ao desencanto!

 Fazendo todo o possível
 Criei a primeira estrofe
 Verifiquei pelo roscofe
 E achei então incrível!
 Pois fiz em tempo plausível.
 E adotei outra conduta
 Com certeza absoluta
 De que vou me superar
 Não vou assim me entregar
 Pretendo me recuperar
 E continuar na luta.
 A família me incentiva
 E os amigos também
 Assim acho que convém
 Voltar firme para ativa.
 É a melhor perspectiva
 Pra mais uns anos de vida
 Uma vida bem mais vivida
 Com esperança e coragem
 Seguir firme na viagem
 Viagem mais aguerrida!
 Fazer versos foi o dom
 A que DEUS me encaminhou
 E se abrir mão eu vou
 Caminhar fora de tom
 Não é mesmo nada bom,
 É não ser reconhecido
 E nem pouco agradecido
 Pela graça recebida
 Que me deu razão de vida
 E me fez mais conhecido!
 Não busco notoriedade
 Mostrar-me como se diz
 Quero apenas ser feliz
 Fazendo como se diz
 O que gosto na verdade,
 Com toda sinceridade!
 Se um pouco de estro resta
 Para o que quero se presta
 Vou seguindo o meu caminho
 Com muito amor e carinho
 E o coração em festa!
 O meu muito obrigado
 Para quem me encoraja
 E que muita gente haja
 Sempre firme ao meu lado
 Deixando-me encorajado!
 Segurando firme o remo
 Nada no mundo eu temo
 Conduzindo firme a nau
 Nada me haverá de mau
 Com a proteção do Supremo!
 João Bitu

Je Vous En Remercie - por Fátima Bitu

 
 
Sempre gostei muito de música desde a remota  infância/adolescência. Na minha cidade  era difícil sintonizar a RÁDIO SOCIEDADE DA BAHIA mas eu esperava ficar tarde da noite e eu conseguia ouvir minha música predileta: TOUS LES GARÇONS ET LES FILLES DE MON ÂGE. Não sabia o que Françoise Hardy dizia mas eu já me encantava com a melodia.  O destino tem seus caprichos.
 
Quando cheguei ao então ginásio, o francês  era a língua estrangeira obrigatória. Lembro  com muita emoção da primeira lição: " Après un mois et demi de delicieuses vacances me voici de nouveau devant mon professeur et mes camarades.". .
 
 Vim morar em Fortaleza, passei no vestibular de LETRAS e  o francês  me encantou definitivamente… É sonoro, qualquer frase parece uma canção.
 
Ensinei 25 anos, fiz um curso de conversação em Paris de onde tenho as melhores recordações.
 
Até hoje tenho bons contatos com aqueles alunos que se destacaram e hoje são também professores, intérpretes e/ou tradutores assim como eu.
 
Dedico essa postagem aos professores que me influenciaram a chegar onde estou: Dona Elisa, Dona Aniete, Dadá Piau, Dona Iracy Bezerra, Lourdinha Dias Branco, Fátima Viana, Italo Gurgel, ao CENTRO DE LÍNGUAS - IMPARH onde trabalhei até me aposentar. Je vous en remercie,
Fátima Bitu
 
 
 


 

10 de outubro de 2014

UMA OUTRA PORTA - por João Bitu






UMA OUTRA PORTA
 Sinto-me um homem bastante sadio
 Graças a Deus calmo e tranqüilo
 Já passei por isto, passei aquilo
 Mas superei e com muito brio...
 Não é, pois qualquer um arrepio
 Que me coloca fraco e acamado
 Sou destemido e abençoado
 E graças Àquele em quem tanto creio
 De coisa alguma tenho eu receio
 Estou sempre alegre e bem humorado!


 Sofri uma delicada cirurgia
De um tumor maligno na garganta
 Benditas sejam aquelas mãos santas
 Que fizeram a faringolaringectomia.
Curado estou, tenho saúde e alegria
 Que é tudo o que me importa
 Eu louvo ao Senhor que me conforta
 Curto a sobrevida harmoniosa e bela
 Lembrando que ELE quando fecha uma janela
 De imediato nos abre uma “Outra Porta”

 João Bitu

8 de outubro de 2014

Orgulho de ser nordestina - reprise

 
 
 
 
Orgulho de ser nordestina
Nasci em Várzea Alegre, sul do Ceará, pensa numa nordestina arretada,  que  se orgulha de falar cantando!  Falo oxente, vôte e danou-se. Viche, Maria.  O meu jeito de falar é o mais fiel retrato da minha terra. Os amigos acham até engraçado porque falo francês cantando. Fico de olho numa mesa farta de pirão, baião de dois, carne assada, mungunzá, canjica, pamonha, galinha caipira, cafezinho com cuzcuz. Delícia! Emociono-me ao ouvir  Chico de Amadeu cantando LINDA BREJEIRA. Guardo as melhores recordações das noites de São João e São Pedro tocadas por aquele sanfoneiro famoso. Agora no dia de CORPUS CHRISTI me emocionei ao ver passar a procissão diante do condomínio em que moro em Fortaleza. Fiquei observando aquelas pessoas sofridas, rezando, cantando em pleno sol quente. A ladainha, o cheiro de incenso, os pés descalços, o véu sobre a cabeça( minha mãe usava tudo isso), o terço entre os dedos.A grandeza de uma fé que não se abala. O som do sino repicando na torre da igreja, a chamada da missa. Tudo isso me veio novamente como um bom filme que se assiste 2, 3 vezes.
Admiro e me emociono com o improviso do poeta popular, a beleza do maneiro-pau, a alegria da quadrilha. O nordestino é acima de tudo um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.
Tenho orgulho de ser nordestina mas   me aborreço demais quando alguém tenta falar diferente envergonhado de sua nordestinidade
.
 
 
 
 
 

5 de outubro de 2014

O SÍTIO CARNAÚBAS - João Bitu

O SÍTIO CARNAÚBAS
 
 É um pedaço de chão fértil, produtivo e saudável situado no Município de Várzea-Alegre à encosta do Riacho do Machado, vertiginosamente belo e utilíssimo pela enorme riqueza das águas correntes que banham as margens verdejantes, quando das enchentes transbordantes durante o período chuvoso. É de uma riqueza imensurável que presenteia seus habitantes com muita alegria e felicidade em razão da farta produção agrícola e da pastagem abundante que alimenta os animais ali existentes.
 Aquele sítio fica situado entre as Lagoas e Juazeirinho no sentido Várzea-Alegre/Distrito do Canindezinho, próximo à Estrada Velha e Jatobá onde tremulava a folhagem nos famosos pés de Juazeiro, em número de quatro, com sombra convidativa para os transeuntes costumeiros que lá descansavam de suas caminhadas.
 Nas Carnaúbas, pois, foi onde POMPILIO VELHO testemunhou o meu nascimento que originou o surgimento de uma prole bem sucedida e estimada que veio a se chamar “A BITUZADA”, por determinado poeta em inspirada ocasião.
 ZÉ BITU – seu líder abençoado - era um homem de muita inteligência e sabedoria e até certo ponto um tanto introvertido, não se ligando ao “disse me disse” que de qualquer esquina par-
 tia, limitando-se ao repente habitual que lhe era instintivamente comum, contando-o na ocasião e local adequados.
Ao seu lado Dona Vicentina, a companheira virtuosa e dinâmica vigiava com rara competência a criação dos filhos a quem juntos davam educação a mais completa e primordial, incutindo neles com muito amor os princípios necessários ao dia de amanhã. Eram os dois, exemplos da mais perfeita grandeza e harmonia diante da prole constituída.
 Dona Vicentina tinha uma irmã chamada ZUCA, que nasceu na FURQUILA, uma moça muito dócil, bonita e prendada que foi morar conosco nas CARNAÚBAS, onde nos fez companhia por longos anos, até que contraiu núpcias com EURICO DUARTE, foi morar em sua própria casa e posteriormente migraram rumo a SÃO PAULO e outros lugares adjacentes nos quais permanecem até hoje os seus descendentes.
 Além deles, ali residiam os meus Tios Nonôe, Isa e Afonso Bitu descendentes de JOÃO ALVES FEITOSA BITU daquela gente que teve sua origem junto à enorme ramificação que habitava no Sanharol, oriunda dos sertões de Inhamuns.
 Antonio Alves Bitu, meu estimado Padrinho Nonõe, era um fumante inveterado, tinha sempre
seu cigarro de palha colocado atrás da orelha quando não estava tragando, vício que resultou levando-o precocemente à sepultura.
 Tia Isa – santa criatura – casada com Chico Chicô, morava num chalé muito bem acabado jun-
 to do famoso Coaçu que sombreava o passadiço e a cancela da manga dos BITUs. perto do Jaburu, paraíso agrícola do CEL.ZÉ VITORINO, cidadão muito rico da região. Era muito reli-
 giosa e asseada, razão porque era alvo de nossa ais acentuada simpatia.
 Afonso Bitu – o caçula daquela geração em vida – entre os quatro era o mais sacrificado eco-
 nomicamente, vítima ainda de uma viuvez inesperada tendo que assumir a criação de quatro
 filhos pequenos e sem recursos, coitado.
 Esta era a família Bitu que ocupava o nosso querido Sítio Carnaúbas ainda hoje estimado e
que jamais será esquecido em seus mais íntimos pormenores.
 Como morador ainda daquela doce localidade, ocupando um tosco casebre de taipa e,
 vivendo na mais absoluta pobreza, carregado de filhos, só ele e DEUS para criá-los, havia
POMPILIO JOSÉ DUÓ o meu inesquecível amigo, professor e poeta, a quem devo muito do pouco que consegui aprender no âmbito da poesia.
 Daria muito para voltar a vivenciar com aquela gente maravilhosa e saudável do adorável rincão onde fui feliz um dia. Adeus terras de meu coração, que DEUS as conserve em toda sua
magnitude. Um caloroso abraço gente de saudosa memória
 Que saudades daquela infância de glórias
 Quando e onde estas coisas se passaram
 E outros tantos fatos ocorreram
 Suscitando esta singela história
Que pra sempre guardarei na memória.
 Personagens e firmas verdadeiros
 Dos primeiros até aos derradeiros
 De que falo com toda sinceridade
 Com orgulho e muita propriedade
 Como são hábitos meus costumeiros!!.
 João Bitu

4 de outubro de 2014

POEMA DOS OLHOS DA AMADA Vinícius de Morais e Paulo Soledade

 
 


POEMA DOS OLHOS DA AMADA

Vinícius de Morais e Paulo Soledade

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus


Link: http://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/poema-dos-olhos-da-amada.html#ixzz3FCL8GYho


Oh ma bien aimée, quels yeux, tes yeux
embarcadères la nuit brissant de mille adieux
Des dingues silencieuses
qui guetent les lumières
Loin, si loin
Ah bien aimée quels yeux tes yeux
tous ces mystères dans ses yeux
tous ces navires, tous ces voiliers
tous ces naufrages dans tes yeux
ah bien aimées, quels yeux tes yeux
un jour...si Dieu voulait
un jour...dans tes yeux
je verrai dans tes yeux
je verrai de la poesie
le regard implorant
Ah ma bien aimée...quels yeux, tes yeux

Jeanne Moreau




3 de outubro de 2014

SERÁ?



Será que o fortalezense vai valorizar  sua mais nova opção de transporte? Tenho minhas dúvidas. Acompanhei essa obra gigantesca desde o começo, muito se fez, há muito o que se fazer  ainda mas o que mais me preocupa é a falta de esclarecimento do nosso povo. Ainda não tive coragem de pegar o metrô porque acho ainda muito sem estrutura. A violência por aqui é assustadora  e  não é qualquer pessoa que tem coragem de se aventurar. Estou esperando a fase experimental, há um certo tempo ele circula sem pagamento de tarifa. Anunciam agora em outubro cobrar passagem, pode ser que o serviço melhore. 
O trabalhador sai de casa na madrugada só volta à noitinha e o metrô pára às 11 horas.No fim de semana não funciona, a menos que haja algum evento para o lado do CASTELÃO.
E agora, fortalezense, dá para  sentir firmeza? Tomara!




 
 
 
 
 

2 de outubro de 2014

Afinidade

Afinidade é um dos poucos sentimentos que
 resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante,
 mas o mais sutil, delicado e
penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.
Não importa o tempo,  a ausência,
 os  adiamentos, as distâncias,  as
impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando
parecido a respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
 É receber o que vem do outro com
aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com,
Não é sentir contra,
Nem sentir por,
Nem sentir pelo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou,
quando é falar, jamais explicar ,
apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes
 e iguais esperanças.
É conversar no silêncio,
 tanto nas possibilidades exercidas quanto das
impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto
  em que parou sem lamentar o tempo
de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades
 dadas (ou tiradas) pela vida.
( Texto de Arthur da Távola)