DAS CARNAÚBAS À CIDADE
Quero hoje andar montado
Através do pensamento
Esquecer por um momento
Este viver agitado
Cavalgando no passado!!
Meu bom Pai por empreitada
Confiava-me a jornada
De ir à RUA em cangalha
Se a memória não me falha
Sempre na burra Dourada!
Eu usava este animal
Quase que todo dia
Pra buscar mercadoria
Na bodega de Lourival
Aquilo mais trivial
De grande necessidade.
O de maior raridade
Se ali viesse a faltar
Então eu ia comprar
Noutros pontos da cidade.
Eu saia às sete horas
Pela manhã bem cedinho
Cavalgando com carinho
Não usava nem esporas! ...
Se não houvesse demoras
Nada surgisse em contrário
Ao curso do itinerário,
Após cumprir a missão
Sem causar preocupação
Voltava sempre no horário
Montava junto à calçada
Acionava a condução
Pelo lado do casarão
Iniciava a jornada
Que me fora confiada.
Minha vontade primeira
Era de qualquer maneira
Parar um pouco que fosse
Na casinha de João Posse
Depois chegar a Ribeira!
Eu nem sentia calor
Alegre e sempre cantando
Minha montada trotando
Até Manoel Salvador,
Eu dava o maior valor!
Ninguém mais feliz que eu
Nada mau me aconteceu
Era uma maravilha
Depois chegava à Forquilha
Onde minha Mãe nasceu!
Um pouquinho antes só
Tinha Maria Vitorino
Que cozia um divino
E gostoso Pão de Ló,
Cujo, segundo Vovó,
A gente come que abusa
Por mais que ela produza
Não logra dar vencimento
Tudo se vai em um momento
Pondo o freguês ao relento
E muita gente confusa!
Atravessava o Machado
Uma ponta do Riacho
Ali já perto eu acho
Se não estou enganado
Era meio caminho andado.
Minha burra era um tesouro
E sempre dava no couro
Em tempo algum falhava,
Logo, logo se alcançava
A várzea do Bebedouro.
São Cosme ficava adiante
Logo após Bebedouro
“Dos “COSTA” um logradouro”
Seu principal habitante
Uma família importante!
Para falar a verdade
Com toda sinceridade
Eu já me sentia assim
Depois de Fábio Pimpim
Em clima já da cidade.
Quando a tarde começava
Eu já estava voltando
Bem devagar cavalgando
Como sempre eu gostava
E o bom senso mandava.
O sol quente feito brasa
Mas isto não me atrasa
Fazia mesmo questão
De não causar inquietação
Chegando na hora em casa
Com a carcaça cansada
Porém muito satisfeito
Comprara tudo direito
Não tinha esquecido nada,
Também a burra Dourada
Apesar do corpo doído
Eu estava convencido
Pela sua expressão
Que mostrava a sensação
Também - do dever cumprido.
João Bitu
Recordar é viver. Recordo com saudade e muito gostaria que a "burra" DOURADA pudesse sentir a minha homenagem sincera .
ResponderExcluirJoão Bitu
Da janela lateral do quarto de dormi, vejo Várzea ,vejo a Igreja e vejo muito mais,vejo o povo construindo a Igreja eram dois grupos o da Igreja pra cima e o da Igreja pra baixo,vejo o povo carregando pedras na cabeça era uma disputa danada só pra ver que carregava mais pedras, e hoje continua essa disputa é os de lá contra os de cá...
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