3 de abril de 2012

Conversando com meu pai - por Mundim do Vale


Meu pai que grande alegria
Estou feliz, pode crê,
Eu marquei para esse dia
Um diálogo com você.
Tudo que vou perguntar,
Sem querer lhe incomodar
Vou usar como apostilha.
Sua vida duradoura,
Sempre foi a promotora
Da união da família?

Meu pai me diga porque
A sua serenidade,
Diga-me porque você
Vive com tranqüilidade?
Se durante a sua vida,
Houve subida e descida
Para você enfrentar?
Com quem você aprendeu,
De quem você recebeu
Como pôde conservar?

Ensine-me como guardou
Todos os princípios seus,
Diga-me de quem herdou
Sua grande fé em Deus?
A sua religião,
Sua boa educação
Foi herança dos seus pais?
Sua boa experiência,
E o dom da paciência
Porque cresce ainda mais?

Diga como conseguiu
Construir seu ideal,
Se você na concluiu
Nem mesmo o primeiro grau?
Porque você nessa idade,
Tem tanta vitalidade
Que nem todo mundo tem?
Diga sem pestanejar,
Se pretende ultrapassar
Dos noventa para os cem?

Uma coisa que eu queria
E há tempo peço a Deus,
É de poder ver um dia
Os meus filhos iguais aos seus.
Se você me ensinar,
A receita de educar
Quem sabe eu posso aprender.
Só tem uma coisa mais,
Nós dois não somos iguais
Como é que eu vou fazer?

RESPOSTA DO MEU PAI

Meu filho eu vou explicar
Da vida a realidade,
Não há quem possa mudar
O poder da divindade.
Eu tropecei na descida,
Me equilibrei na subida
Porque com Deus ninguém cai.
E assim eu vou lutando,
Com lembrança conservando
Os conselhos do meu pai.

Lhe ensinar como guardei
Os meus princípios de fé,
Não vai precisar, eu sei
Pois você sabe o que é.
Para alguém ser educado,
Não precisa de mestrado
Nem de pós-graduação.
Paciência e experiência,
São virtudes da ciência
Que não tem limitação.

Meu ideal encontrei
Com muita boa vontade,
Por isso não precisei
Diploma de faculdade.
Se muito eu estou vivendo,
É deus quem está querendo
Meus trabalhos concluídos.
Se Ele assim determinar,
Posso até ultrapassar
Os cem anos vem vividos.

Um jardim fica seguro
Se o jardineiro regar,
Para um filho ter futuro
O pai tem que educar.
Siga em frente, não esqueça,
Grave na sua cabeça
Tudo o que eu lhe ensinei.
Caminhe pelo meus trilhos,
Repasse para seus filhos
A educação que lhe dei.

Meu filho, eu também gostei
Dessa sua argüição,
Você sabe, eu também sei
O valor da educação.
Meus filhos formam um composto,
Que não me deram desgosto
Nenhum dia em minha vida.
Com essa boa convivência,
Hoje eu tenho a consciência
Da minha missão cumprida.

Mundim do Vale.


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2 comentários:

  1. Recebi esse poema aqui no blog há um certo tempo e foi recitado na missa de sétimo dia de Sr. Pedro Piau pela sua nora Glória Luís num momento de intensa emoção.

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  2. Parabéns Raimundinho. Seu coração, sua alma e seu extro poético
    estão aqui neste poema versado com e para seu Pai, meu amigo de longa existência e fidelidade.
    *Um abraço.
    João Bitu

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