6 de fevereiro de 2013

Olhai para os lírios do campo - por Fideralina



Olhai os Lírios do Campo


Américo Domingos Nunes Filho

Jesus, nosso Mestre, além de todas as virtudes, é, também, um excelente poeta. Sendo Espírito de alta hierarquia, o Cristo já tem a vivência, em grande expressão, do sentimento do belo.

Hodiernamente, tanto se fala em ecologia, no respeito à natureza, no carinho às árvores e aos animais. Jesus exemplificou, em seu nascimento, cercado de seres infra-hominais, no estábulo, o seu amor aos seres vivos. O Mestre reencarna em uma humilde estrebaria, sendo seu berço um tabuleiro onde se' serve a comida aos animais.

Os primeiros visitantes do menino foram simples pastores que guardavam suas ovelhas, naquela noite majestosa. Encontro memorável do Cristo com os primeiros "lírios do campo" que, de vigília, pastoreavam seu rebanho.

Na casa de Simão, o fariseu, Jesus viu, mais uma vez, as flores do campo; quando exortou a uma nova vida a irmã que ungiu os seus pés. O israelita, embora religioso, não podendo ver os lírios que crescem, recriminava o Mestre, dizendo ser a mulher uma pecadora (Lucas 7:39).

Nas cercanias de Tiro e Sidon, uma mãe aflita, cananéia, foi testada em sua fé no Cristo. Ele sabia que estava diante de uma flor do campo, e disse-lhe: "Ó mulher, grande é a tua fé!... " (Mateus 15:28).

Uma mulher, encontrada em adultério, foi levada ao Mestre. A lei mosaica determinava a pena de morte, através do apedrejamento. Jesus olhou os lírios do campo que desabrochavam naquela irmã, e respondeu aos que ainda não sabem observar as flores do campo: "Aquele que estiver sem erro, atire a primeira pedra". E todos se retiraram, a começar pelos mais velhos (João 8:7-9).

"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam. Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles" (Mateus 6:28-29).

Você, querido leitor, não vê os lírios que crescem? Enquanto, neste momento, está preocupado com o dia-a-dia, porventura desesperado com o amanhã, todo o seu Arcabouço físico está funcionando automaticamente. Trilhões de Células de seu corpo vivem sem a intervenção da sua vontade. Uma potente máquina, em seu peito, bombeia o sangue, fazendo toda a operação por si mesma, sem a sua interferência.

Passe a olhar os lírios do campo! Tenha a certeza de que ninguém é desgraçado, infortunado: Jesus disse: “Aquele que não toma a sua cruz, e não me segue, não é digno de mim". (Mateus 10:38).

Tenha fé, tudo é passageiro. O Cristo, também, afirmou que na casa do Pai há muitas moradas. O Universo espelha a eternidade e haverá, sempre, uma mão amiga para acolher você. Nenhum ser será deserdado. O apóstolo Pedro, em sua Primeira Epístola, nos conforta, dizendo que Jesus pregou aos espíritos em prisão (1 Pedro 3: 19). O "inferno" existe em nós, à medida que nosso pensamento está canalizado para o mal que causamos a outrem.

No momento em que resolver tocar no Mestre, como fez a mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de    sangue (Marcos 5:25), evocando-o, pedindo-lhe perdão por suas faltas e disposto a repará-las, o "inferno", em que se encontra a sua consciência, transformar-se-á em misericórdia e esperança. O Cristo ensinou que nenhuma ovelha se perderá.

Abra seu coração a Jesus. Procure agir como o samaritano que ajudou o homem caído na estrada. Vá de encontro aos sofredores.

Procure praticar a fraternidade. Faça com que o amor seja, cada vez mais, espargido sobre todos os aflitos e desesperados. Olhe os lírios do campo! Observe aqueles que são menosprezados e vilipendiados pelos homens. Valorize sempre o ser humano, qualquer que seja sua conduta atual. Ontem, também, você semeara o mal e as mesmas mãos, que o socorriam então, serão substituídas, agora, pelas suas.

Não tenha preconceito. Olhe as flores do campo nos chamados pecadores. Todos nós somos frutos e criação do Grande Geômetra do Universo, definido, como Amor, no Novo Testamento. Segundo o Mestre, o Reino de Deus está dentro de nós e somos deuses. Fomos criados para a felicidade, que já existe em potencial dentro de nós, desde o momento de nossa fecundação cósmica.
Meu querido leitor, olhe, agora, olhe, sempre, os lírios do campo...

Publicado originalmente na Revista Espírita Allan Kardec, Goiânia, GO, em 01.02.1995 e reproduzido com autorização do autor




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