14 de março de 2013

João Bitu e as Muitas Saudades



Dizem que todo mundo tem um amigo, primo, irmão ou cunhado poeta. Pra ser poeta não precisa escrever livro: basta tocar o nosso coração. 

A homenagem do sou de varzea alegre hoje vai para meu irmão João Bitu que consegue tocar nossos corações com sua poesia enaltecendo a familia,a imensa saudade das CARNAÚBAS onde nasceu,  VÁRZEA ALEGRE onde curtiu sua juventude,a cidade maravilhosa onde conheceu o grande amor de sua vida: LUZINETE e que até hoje partilham esse lindo amor, curtindo os  filhos e netos. Todas as homenagens hoje vão para você, meu irmão, que enche nosso blog  de pura emoção com suas bela arte de escrever.





AS CARNAÚBAS


Bem ao lado do Riacho do Machado
Que molha com suas águas correntes
As margens férteis desde sua nascente
E se alongam até um final distanciado
Ali fica o Sítio Carnaúbas, berço amado
Onde Pompílio viu o meu nascimento
Iniciando o bem aventurado surgimento
De uma prole bem sucedida e amada
Que veio a ser chamada “a bituzada”
Por um poeta em inspirado momento.

Zé Bitu foi seu líder bem sucedido
Um cidadão de rara prudência e saber
Através de quem tudo havia de ser
Ministrado e com muito dispor exercido...
De certo modo era um homem introvertido
Não se prestando ao “disse me disse”
Que de qualquer esquina partisse
Limitando-se ao repente habitual
Que lhe era, por instinto, muito natural
E que na ocasião, por ventura, lhe surgisse.

Ao seu lado sempre se dedicando com fervor
Aos afazeres do lar de paz raríssima
Dona Vicentina a esposa e Mãe castíssima
A tudo assistia e compartilhava com muito amor...
Sua afeição e o seu zelo eram um primor
E consistiam em ensinar e dar educação
Aos diversos filhos ainda em formação
Reservando a eles um futuro de grandeza
Mostrando-lhes sempre o bem com firmeza
Ao doar com carinho frutos de seu coração

Com quantas saudades lembro a Tia Isa!
E Chiquinho, - ela cheia de amor e de fé
Os dois ocupavam um aconchegante chalé
Que recebia uma suave e saudável brisa
Cujo aroma ainda hoje me sensibiliza.
Pequenos detalhes são aos quais me agarro
Por mais que sejam alguns até bizarros,
Todo dia, mesmo tendo eu já jantado  
Corria lá a degustar um saboroso pegado          
Que ela deixava ao fundo duma panela de barro

Antonio Alves Bitu meu tio e padrinho
Por muitos chamado de Seu Antõe
Ficou mesmo com o cognome “Nonõe”
A cuja alcunha acolheu com carinho
Jamais ficava separado dum cigarrinho
Posto na boca ou atrás de sua orelha                                                            
Formando constante e imutável parelha
De tanto fumar triste e penosa sina
Veio a contrair enfermidade maligna
Que à fatalidade e ao óbito só se assemelha;

Afonso Bitu era agricultor e barbeiro
Amargava uma existência muito sacrificada
Herdou uma propriedade bem isolada
Num local conhecido por Romeiro
Ficava por lá trabalhando o dia inteiro
Sem fazer em casa qualquer desjejum
Lá ficava dando duro sem alimento nenhum
Somente à tarde quando para casa voltava
Era então que precariamente preparava
Para si uma alimentação bem comum.

Num casebre de taipa em penúria absoluta
Habitava meu mestre Pompílio José Duó
Cidadão muito humilde e pobre que nem Jó
Que criava uma enorme família em cruenta luta
Era, mesmo assim, um homem de ilibada conduta
Que em decência e bondade submerso
Subsistia a tudo em seu cruel viver adverso
E nem deixava transparecer o sofrimento e sua dor.
Com determinação, firmeza e pretenso penhor
Foi ele quem me ensinou a fazer versos


As Carnaúbas foram uma escola em minha vida
O berço duma doce e feliz existência
Cenário da mais pura e saudável convivência
Fase que em tempo algum será esquecida...
Oh que saudade daquela infância querida
Das coisas naturais e belas que lá ficaram
Pátria em que o amor e a minha paixão habitaram
Suscitando hoje esta vera e fiel história
Daquele sítio de imensa e saudosa memória
Minhas Carnaúbas onde tais fatos se registraram

João Bitu


                                                                                                                









3 comentários:

  1. Seu irmão é poeta
    Não adianta esconder
    Ele faz tudo em sigilo
    Sem querer aparecer
    No entanto a gente sabe
    E logo tudo se ler
    As palavras eloquentes
    Que ele faz acontecer

    Parabéns a esse moço
    E o faço com prazer
    Através dessas palavras
    Que estou a lhe dizer
    Afirmando com certeza
    Para mim é um lazer
    Parabenizando o poeta
    E estas rimas lhe trazer.

    De Fideralina para João Bitu.

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  2. Uma postagem como esta vale ouro, tem base, tem amor e tem, sobretudo, concentração de sentimentos e paixão.
    Agradeço muito a quem fez a posragem e a quem a comentou..
    Sou deveras agradecido a quem olhou para meus versos com tanta dedicação.
    Um abraço bem forte,
    João Bitu

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  3. Essa postagem vale ouro porque foi feita com muito carinho por uma pessoa que admira a sua inteligência e sobretudo é muito grata pela sua dedicação ao sou de varzea alegre. Saiba que sua poesia enobrece nosso blog. Aguardo mais outras. Pesquisei muito LUAR DO SERTÃO porque eu queria enfatizar AS CARNAÚBAS, como não tenho fotos de lá, o clip mostra imagens que enfatizam seu relato. A música então é belíssima. Abraço de Maria de Fátima

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