25 de novembro de 2013

AS QUERMESSES EM JUAZEIRINHO por João Bitu






                                          AS QUERMESSES EM MIGUELÓPOLES


 

                              Anualmente por ocasião dos festejos juninos acontecia no sítio Juazeirinho, localidade situada bem ao lado da ribeira ou Estrada Velha entre as Canaúbas e o Açude das Caraíbas, já nas proximidades do Distrito de Canindezinho, num pequeno povoado que foi  criado por iniciativa e direção do Senhor Miguel Marica, avô do cantor e compositor ZÉ CLEMENTINO, cidadão muitíssimo conceituado naquela região, as comemorações em alto estilo e riqueza em temos de bom gosto.

                              Entre as décadas de quarenta e cinqüenta foi erigida uma Capelinha muito bonita e daí as missas e demais cerimônias religiosas passaram a ser celebradas em suas dependências, quando antes ocorriam na residência daquele patriarca, Com a edificação da Igreja, Padre Otávio batizou o locai com o nome de” MIGUELÓPOLES” em  homenagem ao seu fundador,  que significa  cidade de MIGUEL.

                              Por ocasião dos festejos acorriam muitas  pessoas atraídas não somente  pelas  atividades religiosas que eram dignas de muito respeito e apego, mas também e principalmente pela existência de comestíveis diversos e   a apresentação   de  brinquedos infantis como reco-reco, colares de coco catolé, bolinhas plásticas de variadas  cores e  de inúmeras  outras  maravilhas que encantam os olhos da   criança.

                              O vigário de Várzea Alegre era o Padre José Otávio de Andrade, nascido em Bebedouro na região dos Inhamuns, era estimado sem exceção por toda gente da comarca. Tinha como assistente principal, João Batista (ou João de Seu Amadeu), uma figura queridíssima notadamente pelo seu alto senso de humor, por todos que o conheciam.  Costumava fazer presepadas as mais interessantes possíveis e contar anedotas ao seu gênero.

                              Eram criados dois partidos com o objetivo  de angariar  fundos  para custeio das despesas a saber: O partido AZUL e o partido ENCARNADO, que davam motivação a uma acirrada disputa que esquentava os ânimos de seus participantes e adeptos.                                                                                                                                                                                                                                       

                               De toda circunvizinhança vinham fiéis cheios de fé e confiança em busca de ativar e renovar seus propósitos e sua luta contra o pecado, pela assistência às cerimônias religiosas, pela confissão e pela comunhão por intermédio do sacerdote aos pés de Santo Altar. A Capela toda enfeitada com flores e as imagens alegremente rodeadas de inscrições com dizeres cristãos davam a tonalidade fiel  das comemorações. Era uma atração à parte. Lá  fora  a alegria contagiante  com o pipocar dos fogos de artifícios, bombas, traques  e   gritos    estridentes das crianças gerando um majestoso  espetáculo;

                                    Até de localidades mais distantes as pessoas de todas as idades vinham  aos festejos  para assistir as missas, rezar, confessar seus delitos,comungar diante do seu sacerdote. Eis que em certa ocasião, como nos foi relatado pelo próprio sacristão, duas senhoras já de idades bastante avançadas, chegaram para receber aqueles sacramentos da Igreja, contudo a cerimônia havia terminado há algum tempo, o que as levou a lamentar e chorar copiosamente pelo tempo perdido e pela caminhada empreendida inutilmente. Compadecido diante daquele malogro João Batista, homem solícito e caridoso e não muito comprometido com os rígidos critérios da Santa Igreja, achou por bem contemplar as duas velhinhas sofridas com a realização da santa comunhão e o fez pessoalmente, deixando-as felicíssimas conscientes de haverem alcançado  as suas aspirações.

                                          O que não se sabe, entretanto, é qual teria sido a reação de Padre Otávio, ao tomar conhecimento daquele procedimento fortuito de nosso bem estimado e  prestativo Sacristão.

 

João Bitu

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

5 comentários:

  1. É..

    João Bitu:

    Não há como negar, você é realmente um historiador. Estava escondido, mas, finalmente apareceu em prosa e versos.

    O Padre Otávio pode até ter puxado a orelha do João Batista que, diga-se de passagem realizou um ato nobre, com uma nobre intenção.

    Talvez o Padre até tenha considerado o seu ato um sacrilégio, contudo, ele deu o ponta pé inicial para inserir na comunidade eclesiástica os leigos com poderes limitados mas atuante e hoje dão comunhão livremente.

    Então Várzea Alegre foi a primeira cidade a contemplar um leigo dando comunhão.

    Abraços do

    Vicente Almeida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vicente Almeida boa noite! Eu fico altamente compensado e feliz com sua atenção ao tazer comentário sobre meu singelo trabalho acerca de MIGUELÓPOLES, Miguel Marica, Pe, Otávio, João Batista e Zé Clementino.
      Muito obrigado meu amigo, sinto dentro de mim a sensação do dever cumprido para com quem me ler.
      Receba um forte abraço deste amigo que muito lhe admira,
      João Bitu

      Excluir
  2. Ave Maria, esse povo inteligente me deixa pequena no blog. A narração de João é simplesmente perfeita para quem conhece a história de perto como eu. Acho, meu irmão que você deveria contar outras tantas que narra comumente nos encontros familiares.. O comentário de nosso guru Vicente é por demais valioso e vai lhe incentivar a postar cada vez mais. Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Muito Obrigado, Deus proverá!
    Um abraço para vocês todos.

    João Bitu

    ResponderExcluir
  4. Sonia Climenia comentou

    Não só vou mostrar a Ceci como vou publicar, muito lindo o texto... Realmente o Juazeirinho de Seu Miguel Marica era assim muito animado,muito comemorado nas noites do novenário de São Pedro, meus avós eram muito religiosos aliás toda redondeza e vc João deve ter participado muito! Um abraço Cleide e João.

    Mundim do Vale


    O mais incrível da história foi João Batista não ter contado os pecados das senhoras.

    Zé Filipe de sousa

    Muito bem contado o "causo". Entre tantos histórias pitorescas desse alegre povo, esta, para mim é inédita. A observação de Mundim Do Vale foi bem colocada, deixando claro que João de Amadeu fez valer o segredo da confissão.

    ResponderExcluir