4 de maio de 2011

Notas sobre o Ser

Há um desejo sutil de perpetuar-se
Profundo e insustentável apego ao ser concreto
Espiritualiza-se nesse ímpeto
No ensejo de contextualizar-se eternamente na matéria
E o paradoxo expressa a instabilidade entre ser e não ser
Coleciona-se experiências, catalogando sensações
Porém é o desdenhar do sentido solitário de ser único
É o diluir-se na massificação que morremos ainda vivos
O ser é cheio, quando se reconhece
Quando sua essência permanece envolta na simplicidade de ser somente
Mas enquanto esse fluido invisível se desprende lentamente
E essa metamorfose se molda ao tempo
Desaprendemos a nos ver, a nos sentir
Saímos do estado puro da sensibilidade para o enlamear-se da razão
Confusa e pretensiosa lógica racional
Não amadurecemos na pureza, apodrecemos na ilusão
Há de se crer nessa vivência estável
Há de existir esse Nirvana lúcido, sem o devaneio
Falta apenas retirar essa venda impura que nos cega
Esse nó que nos amarra às quimeras
Destilou-se esse veneno em nosso destino
Como se fora praga do Olimpo
Que nos amarrasse ao Hades, sufocados pela própria ignorância
Pobre ser que iguala realizações na arte e no sofrimento
Fragmentado no deslumbramento
Há de um dia se libertar e olhar-se no espelho certo
Haverá um dia em que o brilho dos seus olhos será o da sua própria luz

3 comentários:

  1. ..."Esse nó que nos amarra às quimeras"
    Puxa, Paulo, essa foi demais: esse nó que nos prende às fantasias. Voltei ao tempo em que estudávamos no EQUIPE, lembra? Naquela época você já se mostrava muito inteligente e criativo.Estou me sentindo pequena diante de sua grandeza poética. Abraço Fafá

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  2. Obrigado pela sua gentileza, Fafá. Foi um ano muito bom aquele do equipe. Estudei muito.
    grande abraço.

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