Longas décadas foram transcorridas
Na mais doce e perene harmonia
Ocorreu-me agora com nostalgia
Recordar coisas que em nossas vidas
Não serão de modo algum esquecidas...
Relembrar uma ocorrência bombástica
É apenas uma lembrança drástica
Que desperta, agita e até comove
Mas não tem a essência que nos absorve.
-É história efêmera e fantástica!
Quero aqui resgatar coisas que tocaram
Bem no fundo dos nossos corações
Ocorrências que causaram emoções]
E que nem o tempo as apagaram
Com requintes, intactas se conservaram!
Sempre tive amor por gente idosa
Como era a Velha Maria Barbosa
Conhecida como a benzedeira
E também como a curandeira
Sempre usando folha de babosa!
Reclamava o dia todo, todo dia
De constante e forte dor de “estambo”
Que a vida dela era um molambo
Era assim que a pobre velha dizia,
Choromingava e se maldizia!...
Mas benzia com amor e carinho
Acionando em cruz o seu raminho
Que de tanto e tanto ser balançado
De um lado para o outro lado
O raminho murchava inteirinho!
Quando murchava muito era a doença
Que já estava em estágio adiantado
Carecia então de muito cuidado
E também de fé e bastante crença
Colocada naquela forte “bença” !...
Assim é que se fazia a cura
Com esperança fervorosa e pura,
Mais um chá preparado com babosa
Uma “meizinha” muito milagrosa
Que curava de maneira segura
Costumava Papai ter no quintal
Um porquinho preso ao chiqueiro
Onde o tinha por tempo inteiro
Com cuidado muito especial,
Muito zelo e conservação formal!
Siá Maria que nunca foi menino
Prevenida e muito de mansinho
Até punha-se também a ajudar
Pois sabia que no fim ia herdar
A cabeça gostosa do suíno!
A nossa saudosa Maria Barbosa
Residia no meio de nossa gente
Era como se fosse ainda parente
Muito amiga e despretensiosa
Nas Carnaúbas tão maravilhosas1
Em passagens assim bem antigas
Com beleza, amor e sem intrigas
É onde minha alma se respalda.
Lembro ainda das filhas Nenem e Esmeralda
De Mamãe até bastante amigas
“Gostaria de dedicar a Zé Denizard, Isabel e Cleide”.
João Bitu
João, embora não tenha vivenciado esse tempo áureo, me emocionei com seu poema pela simetria e pelas pessoas que você citou com tanto carinho. Lembro mamãe falando, ainda conheci ESMERALDA. Parabéns!
ResponderExcluirEh...
ResponderExcluirJoão Bitu:
Nos tempos idos, toda comunidade Rural possui uma rezadeira, benzedeira e uma parteira.
Ainda conheci essas velhas que realmente, apesar de às vezes enfermas, nunca se negavam a assistir alguém, especialmente crianças e mulheres.
Na ausencia do medicamento material em virtude da penúria de certas comunidades, o medicamento espiritual era convocado atraves dessas singelas e puras senhoras.
É Vicente,
ExcluirEssas idosas eram de suma impostância. Primavam pela honestidade e dedicação aos fragilizados. Nós, os saudosistas, até esquecemos pessoas que viveram na mesma época, elas permanecem firmes em nossas lembranças.
João Bitu, essas senhoras idosas faziam verdadeiros milagres com toda simplicidade e humildade desse mundo. Admiro gente assim. E são essas pessoas que merecem todas as homenagens desse mundo. Continue reverenciando nossa gente, nossos pais iriam se orgulhar muito. Abraço.
ResponderExcluirSr. João:
ResponderExcluirLimito apenas a comentar sua obra literária. As rezadeiras fazem parte da cultura de anos passados. Elas eram profissionais e se dedicavam ao ritual que era exclusividade delas. Concorda? E, nós, que somos munidos de FÉ, acreditávamos nas suas orações com uns raminhos e em seguida um chasinho. É isso aí.
Agora falar do poema, é sentir n'alma a poesia que ela encerra. Como admiro sua capacidade e seu desempenho em mostrar tudo de bom que acumula nesse cérebro encantador.
Obrigada pela oportunidade de conhecer mais um de seus poemas encantadores.
Um abração da amiga que aprendeu a vê-lo como POETA e não aquele FUNCIONÁRIO PÚBLICO, que um dia o conheci.
Fideralina.