13 de agosto de 2012

A VELHA MARIA BARBOSA - por João Bitu

A VELHA MARIA BARBOSA

Longas décadas foram transcorridas
Na mais doce e perene harmonia
Ocorreu-me agora com nostalgia
Recordar coisas que em nossas vidas
Não serão de modo algum esquecidas...
Relembrar uma ocorrência bombástica
É apenas uma lembrança drástica
Que desperta, agita e até comove
Mas não tem a essência que nos absorve.
-É história efêmera e fantástica!

Quero aqui resgatar coisas que tocaram
Bem no fundo dos nossos corações
Ocorrências   que causaram emoções]
E que nem o tempo as apagaram
Com requintes, intactas se   conservaram!
Sempre tive amor por gente idosa
Como era a Velha Maria Barbosa
Conhecida como a benzedeira
E também como a curandeira
Sempre usando folha de babosa!

Reclamava o dia todo, todo dia
De constante e forte dor de “estambo”
Que a vida dela era um molambo
Era assim que a pobre velha dizia,
Choromingava e se maldizia!...
Mas benzia com amor e carinho
Acionando em cruz o seu raminho
Que de tanto e tanto ser balançado
De um lado para o outro lado
O raminho murchava inteirinho!

Quando murchava muito era a doença
Que já estava em estágio adiantado
Carecia então de muito cuidado
E também de fé e bastante crença
Colocada naquela forte “bença” !...
Assim é que se fazia a cura
 Com esperança fervorosa e pura,
Mais um chá preparado com babosa
Uma “meizinha” muito milagrosa
Que curava de maneira segura

Costumava Papai ter no quintal
Um porquinho preso ao chiqueiro
Onde o tinha por tempo inteiro
Com cuidado muito  especial,
Muito zelo e conservação formal!
Siá Maria que nunca foi menino
Prevenida e muito de mansinho
Até punha-se também a ajudar
Pois sabia que no fim ia herdar
A cabeça  gostosa do suíno!

A nossa saudosa Maria Barbosa
Residia no meio de nossa gente
Era como se fosse ainda parente
Muito amiga e despretensiosa
Nas Carnaúbas tão maravilhosas1
Em passagens assim bem antigas
Com beleza, amor e sem intrigas
É onde minha alma se respalda.
Lembro ainda das  filhas Nenem e Esmeralda
De Mamãe até bastante amigas

“Gostaria de dedicar a Zé Denizard, Isabel e Cleide”.

João Bitu










5 comentários:

  1. João, embora não tenha vivenciado esse tempo áureo, me emocionei com seu poema pela simetria e pelas pessoas que você citou com tanto carinho. Lembro mamãe falando, ainda conheci ESMERALDA. Parabéns!

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  2. Eh...

    João Bitu:

    Nos tempos idos, toda comunidade Rural possui uma rezadeira, benzedeira e uma parteira.

    Ainda conheci essas velhas que realmente, apesar de às vezes enfermas, nunca se negavam a assistir alguém, especialmente crianças e mulheres.

    Na ausencia do medicamento material em virtude da penúria de certas comunidades, o medicamento espiritual era convocado atraves dessas singelas e puras senhoras.

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    1. É Vicente,
      Essas idosas eram de suma impostância. Primavam pela honestidade e dedicação aos fragilizados. Nós, os saudosistas, até esquecemos pessoas que viveram na mesma época, elas permanecem firmes em nossas lembranças.

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  3. João Bitu, essas senhoras idosas faziam verdadeiros milagres com toda simplicidade e humildade desse mundo. Admiro gente assim. E são essas pessoas que merecem todas as homenagens desse mundo. Continue reverenciando nossa gente, nossos pais iriam se orgulhar muito. Abraço.

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  4. Sr. João:

    Limito apenas a comentar sua obra literária. As rezadeiras fazem parte da cultura de anos passados. Elas eram profissionais e se dedicavam ao ritual que era exclusividade delas. Concorda? E, nós, que somos munidos de FÉ, acreditávamos nas suas orações com uns raminhos e em seguida um chasinho. É isso aí.

    Agora falar do poema, é sentir n'alma a poesia que ela encerra. Como admiro sua capacidade e seu desempenho em mostrar tudo de bom que acumula nesse cérebro encantador.
    Obrigada pela oportunidade de conhecer mais um de seus poemas encantadores.
    Um abração da amiga que aprendeu a vê-lo como POETA e não aquele FUNCIONÁRIO PÚBLICO, que um dia o conheci.
    Fideralina.

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