23 de dezembro de 2012

AS CARNAÚBAS - por João Bitu

Logo junto ao Riacho do Machado

Que molha com suas águas correntes
As margens férteis desde sua nascente
Que se vão a um fim distanciado,
Está " As Carnaúbas", meu berço amado
Onde Pompílio viu o meu nascimento
Dando então início ao  surgimento
Duma  prole muito bem estimada
Que veio ser chamada “a bituzada”
Por um poeta em feliz momento.


Zé Bitu foi líder bem sucedido
Um cidadão cônscio de seu dever
Através de quem tudo havia de ser
Ministrado e muito bem exercido...
Foi sempre até um homem introvertido
Não se prestando ao “disse me disse”
Que de qualquer esquina partisse.
Limitando-se ao repente natural
Que lhe era, por instinto, habitual
Proferir no instante que lhe surgisse


Ao seu lado sempre com muito ardor
Fiel ao doce lar de paz raríssima
Dona Vicentina Mãe castíssima
A tudo assistia com muito amor...
Sua afeição e zelo eram um primor
Consistiam em dar educação
Aos filhos ainda em formação
Apontando um futuro de grandeza
E lhes mostrando o bem com firmeza
Ao doar frutos de seu coração


Com quantas saudades lembro Tia Isa!
E Chiquinho, - ela cheia de amor e fé  -
Ocupavam um aconchegante chalé
Que recebia adorável brisa
Cujo aroma ora ainda fertiliza.                                                                                                    
A estes detalhes eu  me agarro
Por mais que eles sejam até bizarros,
Todo dia, mesmo tendo já jantado                                                                                             
Corria lá a degustar um pegado           
Que ficava na panela de barro



Antonio Alves Bitu meu padrinho
Por muitos conhecido por  Antõe
Mas ficou mesmo foi como “Nonõe
A cujo nome  atendia com carinho
Jamais esquecia seu  cigarrinho                                                                                       
Posto na boca ou atrás da orelha     
Formando os dois sempre uma parelha.                                                                                    
De tanto fumar lamentável  sina
Veio ter a enfermidade maligna
Que ao tédio e raquitismo se assemelha.


Afonso era agricultor e barbeiro
Tinha a vida muito sacrificada
Herdou uma terra bem isolada
Num local conhecido por Romeiro
Ficava por lá o dia inteiro
Sem fazer em casa sequer desjejum
Por lá ficava sem alimento algum
Somente à tarde quando ao lar voltava
Era só aí então que preparava
Para si uma comida bem comum.
Num casebre  em penúria absoluta
Habitava Pompílio José Duó
Cidadão humilde e pobre como Jó
Criava a família em árdua luta
Era Senhor de ilibada conduta
Que em honestidade submerso
Vencia a tudo em seu  viver adverso
Jamais deixou transparecer a dor.
Com propósito e pretenso penhor
Foi ele quem me ensinou a fazer versos


São as Carnaúbas em minha vida
O berço duma feliz existência
Cenário da mais doce convivência
Que por mim jamais será esquecida...
Que saudade da infância querida
Das coisas belas que por lá ficaram
Pátria em que as lembranças  habitaram
Suscitando esta fiel história
Daquele sítio de linda memória
 Onde estes  fatos se registraram
João Bitu
                                                       IMPOSSÍVEL ACONTECER
                                                               LUAR DO SERTÃO
                                                                      Luiz Gonzaga
  
                                                                                                                                                                  

         




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