21 de dezembro de 2012

CAÇADOR DE PASSARINHOS - por João Bitu

Oh que infância adorável 
Experimentei no sertão
Não sabia que estava então
Num paraíso inefável...
Era uma vida saudável
Existência desprendida
Que o tempo logo passava
E eu não cuidava que estava
Gozando o melhor da vida.


Despertava ao amanhece
Com o canto dos passarinhos
Ao levantar de seus ninhos
Buscando o sobreviver.
Como parte de meu lazer
Tinha a bola nos terreiros
Era sempre um dos primeiros
Um craque dos de mão cheia
Dominava a bola de meia
Com lances belos, matreiros.
 
Adorava caçar sempre só
Com baladeira e bodoque
Pescar de landuar e choque
Feito de puro cipó.
Balear o triste socó
Cabisbaixo como Deus  quiz
Sempre sozinho e infeliz
Assim meio lelé da cuca!...
E pegar de arapuca
 Juriti e a codorniz.


Com um bornal sob a axila          
Que no pesco  eu amarro
Contendo balas de barro
Do tamanho duma bila...
Era uma caçada tranqüila!
Usava BLUSÃO de crepe.
Na cabeça um negro quepe
Feito de meia de linho.
Protegendo dosespinhos
Alpercatas de currulepe


A adolescência é a fase
Mais doce de nossa vida
Se com saúde vivida
Resumo numa só frase
Ela é de tudo a base
Não existem coisas más
Onde há saúde e paz
Muita fé e muito amor.
-Tudo se torna um primor
 Do resto se corre atrás


Aquela época previa
Um porvir cheio de glória
Dum futuro com estória
Cuja se não conhecia
Uma autêntica profecia
Deste viver benfazejo!
Quando tudo quanto almejo
Desde aquela fase ida
Tenho alcançado na vida
Tudo, tudo, como desejo!

                                                                   
                                                                     IMPOSSÍVEL ESQUECER

                                                                         LUAR DO SERTÃO

                                                                              Maria Bethânia



 
                                                                

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