28 de dezembro de 2012

NÃO HÁ COMO DISCORDAR - por João Bitu


Costumava dizer meu amado Pai
Com a graça que lhe era peculiar:
Sempre que se vai a algum lugar,
A distância do ponto donde se sai
Até ao lugar para onde se vai....
-Guardei isto sempre de cor!
Parecia que era muito maior
Pelo menos nos dava a impressão
Isto quando na primeira excursão,
A volta era mais curta e bem melhor

Não possuía bicicleta – dizia,
Justificava de forma direta,
Ao tentar montar-se na bicicleta
A referida com ele não podia
E fatalmente ao chão lhe sacudia.
Nunca aprendeu na vida a andar
Nem sequer quis um dia tentar
Por mais que lhe fosse sugerido
Preferiu então se dar por vencido
Na difícil arte de pedalar

Detestava tomar banho de mar
Achava em casa sempre mais saudável
Muito mais fria a água  e agradável
Com a vantagem de não se queimar
Nem sua pele inteira descascar
Exposta ao sol, ao sal, à marisia
E o que muito mais lhe ofendia,
Ingerindo somente água quente
Tendo em casa abundantemente
Água portável e sempre fria

Segundo a mesma fonte eloqüente
São somenos de variado gosto
O que a muitos causa até desgosto
A outrem é, todavia, atraente
E por que não dizer, refulgente?
Que se faça  tudo na santa paz,
Do que queremos corramos atrás
Fazendo tudo como  nos convém.
Terra de sapo de cócoras também.
Que se goste e faça tudo como apraz

João Bitu

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