22 de agosto de 2013

O ASSUNTO É....ALZHEIMER

Todos nós provavelmente já ouvimos falar esse nome “bonito de feio”. Bonito porque tem a elegância forte do som alemão. Feio porque cada vez mais Alzheimer representa ser demente ou gagá, como diziam antigamente. Experimente fazer de conta que conversa com alguém chamado assim: “Ô Alzheimer, gostaria de uma xícara de café?”; “Alzheimer está para chegar dentro de alguns instantes…”; “Por gentileza, Alzheimer, entre e fique à vontade!” Credo! Não é estranho?

A história é mais ou menos assim: o psiquiatra alemão Alois Alzheimer, em 1906, conseguiu decifrar que algo físico impedia o bom desempenho da mente fazendo com que as pessoas perdessem a memória de um jeito muito estranho. Ele encontrou umas proteínas acumuladas em forma de nós em algumas partes do cérebro de um indivíduo que provavelmente já estava morto. Ele compreendeu que com o tempo as partes afetadas atrofiavam e outras partes eram acometidas até que a pessoa ficasse como que “desconectada” do mundo físico. Claro que ele fez muitas outras observações!

A demência de Alzheimer surge geralmente em pessoas acima dos 60 anos e seu diagnóstico continua sendo concluído com segurança após a morte de seu portador, apesar de já existirem novas técnicas através de imagens. Pois pense bem: para o exame de detecção de uma doença com características de distrofia geralmente é necessário uma biópsia. Já pensou retirar neurônios de quem demonstra a perda dos mesmos? Isso não seria nada inteligente! Neurônios não se regeneram quando seu núcleo é atingido. E por isso devemos fazer de tudo para preservá-los, colaborando com a natureza que já nos deu um caixa forte: o crânio! Sendo assim, o exame para melhor detectar a demência tipo Alzheimer é uma necropsia!

Puxa! Então quando uma pessoa recebe em vida um diagnóstico de demência tipo Alzheimer pode ser que ela nem tenha Alzheimer? E então pode ser que todos próximos desta pessoa sofram por algo que “pode ser que não seja”, antecipando situações indesejadas? Principalmente afetando o relacionamento afetivo com a pessoa com diagnóstico suspeito?

É isso mesmo! Uma influência “de não sei de onde” fez com que coletivamente desenvolvêssemos um grande pavor deste nome. Coitado do Sr Alois! E já vi casos que o familiar ficou tão afixionado com a palavra Alzheimer utilizada no provável diagnóstico do médico que imediatamente começou a tratar a mãe como se já estivesse “desconectada” do mundo. Esta senhora tinha na verdade uma demência específica na área da fala, o que fazia com que as pessoas ficassem aflitas por compreendê-la. Num belo dia, tal senhora me disse “você é a única que me compreende… meus filhos tratam de mim como se eu já não estivesse mais presente e fico muito triste com as coisas que ouço…”. Na verdade ela precisava apenas de tempo e paciência para dar conta de completar suas frases.

Interessante observar que a doença se comporta de forma específica de pessoa pra pessoa, geralmente acima dos 60 anos. Mas podemos dizer que existem sintomas comuns, descritos em até 4 fases:

fase inicial do Alzheimer: o desempenho mental assemelha-se a um estresse ou cansaço mental muito parecidos com sinais costumeiros, comuns ao processo do envelhecimento.

- 2ª fase: lapsos de “memória recente” nítidos e os pensamentos apresentam alguma desordem, troca letras ou palavras. Nesta fase a pessoa consegue perceber que “algo está errado” e pode se sentir muito envergonhada. Talvez a pessoa não consiga mais sair sozinha.

- 3ª fase: a memória funciona de forma desorganizada, a fala se mantém conectada ao passado com frequência, memória recente quase inexistente, mudanças de humor, a pessoa necessita ajuda para atividades de autocuidado (banho, vestuário, alimentação). Há muita dificuldade para escrever até mesmo o seu nome.

- 4ª fase: em muitos casos há perda total da fala ou fala empobrecida. A pessoa está totalmente dependente de cuidados. As habilidades motoras começam a ser afetadas.

A evolução das 4 fases da doença ocorrem em média em 8 anos para pessoas que não se tratam. A expressão da mesma pode alterar de um indivíduo a outro pois nunca se sabe qual parte vai ser presenteada com aqueles “nós”.

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Lapsos de memória- ãh?
Pintando memórias
O importante é que mesmo não podendo ser curada, é uma doença que pode ser tratada objetivando melhor qualidade de vida e redução da velocidade de degeneração dos neurônios. A família também recebe bastante apoio dos tratamentos, que inclui: médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e enfermagem domiciliar geralmente nas fases mais avançadas. Uma boa casa de cuidados ajuda muito, tanto pra moradia, quanto para passar o dia.

Atualmente percebemos que a doença de Alzheimer assume uma origem multifatorial, ou seja, diversos fatores podem estar envolvidos sem sabermos quais são os certos. Mas é certo que… todos nós podemos desenvolver esta demência. A genética e a cultura influenciam muito, mas conhecemos casos de pessoas intelectuais com Alzheimer, negros, brancos, ricos e pobres, felizes e tristes… O que podemos fazer para prevenir esta demência?

Bem, como ainda não sabemos a origem certa, não tem como prevenir de forma eficaz, mas tem como seguirmos um ritmo de vida saudável o melhor possível garantindo nosso engajamento no mundo através da forma como cuidamos do corpo físico, de nossas habilidades, nossos relacionamentos, nossos interesses por novidades e principalmente senso de compreensão dos limites humanos e ao mesmo tempo satisfação por cada instante vivido.

Mas você sabia que existem mais de 200 tipos de demência? Sim! E que podem ocorrer em quaisquer idades? Demência não é coisa de velho apesar da fácil associação que fazemos com esta fase da vida pela imagem fácil do desgaste que uma demência nos oferece. Pois ao desgaste… atribuímos algo que está velho!

Podemos olhar para a palavra demência através do conceito de “sem mente” por haver perda de massa cinzenta, a massa que é formada pelos corpinhos dos neurônios. Particularmente acho que deveria ser “decerebrência” ou “decerebrado” por acreditar que é impossível destruir a mente, mas o cérebro, sim! Ele é corpo físico e.. é ele, o bonitão formado por neurônios, diferente da mente que é formada por idéias.

Concordo que para haver idéias é preciso jogar informação na mente vinda através das conexões dos neurônios. Mas acabam sendo todas palavras muito feias, de qualquer jeito, não é mesmo? Acho que é por isso que preferiram chamar tudo de Alzheimer. É chique!
(Vi esse texto num site da TERCEIRA IDADE  e achei conveniente postar)

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