A Folha - Carlos Drummond de Andrade
A natureza são duas.
Uma, tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. Mas vemos?
Ou é a ilusão das coisas?
Quem sou eu para sentir
o leque de uma palmeira?
Quem sou, para ser senhor
de uma fechada, sagrada
arca de vidas autônomas?
A pretensão de ser homem
e não coisa ou caracol
esfacela-me em frente à folha
que cai, depois de viver
intensa, caladamente,
e por ordem do Prefeito
vai sumir na varredura
mas continua em outra folha
alheia a meu privilégio
de ser mais forte que as folhas.
Muito bom esse poema de Drumond. Gosto das suas poesias.
ResponderExcluirPois é, Fridda, não sei rimar, então recorro aos poetas que adoro.Abraço,
ResponderExcluirFafá