1 de outubro de 2012

O TORRÃO ONDE NASCÍ - por João Bitu



Permanece na memória
Dos que são de tempos idos
Fatos que fazem história
Aos que são pouco esquecidos
A lembrança bem ativa
De nossa flora nativa
Onde fomos nós nascidos

Carnaúbas – sítio amado
O lugar onde crescemos,
O Riacho do Machado
Cujas águas nós bebemos.
Que aguava o arrozal
Nos baixios, o principal
Dos cereais que comemos

Que saudades! Sim, saudades!
Das chapadas de algodão
E de outras variedades
No plantio em meu torrão,
Muita coisa se colhia,
Amendoim,  melancia
Jerimum, milho e feijão.

O gostoso fruto da ateira
Preferido do azulão
Fruta de conde como queira
Dava junto ao casarão
A moradia bendita
Mais saudável e mais bonita
Existente no sertão

Em frente à  tal  mansão
Tinha uma árvore frondosa
Para gente e a criação
Dava uma sombra gostosa.
Não esqueço um instante só
Era o velho Pé de Mocó
De memória mais que saudosa

Bem ao fundo à direita
Um enorme Juazeiro
Com uma copa perfeita
E convexa por inteiro
Tremulando com a aragem
Uma natural imagem
Deste solo brasileiro


Próximo já da cancela
Que fechava a capoeira
Havia outra planta bela
Mais bonita que as primeiras
Junto à manga dos Bitu’s,
Lindo pé de Coaçu
Que de tanto olhar dá canseira

Das Pedrinhas - quem não recorda?
Minha Mãe lavava panos
Estendia em limpas cordas
E cipós se não me engano.
Caí numa cacimbinha
Tendo à mão uma foicinha
Quase entro pelo cano

Eu não sabia nadar
Foi Mamãe quem me salvou
Mais uma coisa a lembrar
De quem tanto me amou
Viu-me cair e por sorte
Evitou a minha morte
São e salvo me apanhou.

Carnaúbas leito amado
Nunca mais me viste tu.
Do pau Mocó estimado,
Juazeiro e o Coaçu
Eu jamais esquecerei,
Mas  em breve voltarei
 Às origens dos Bitu’s!

João Bitu







3 comentários:

  1. Sr. João:

    Ainda bem que foi salvo pela sua mãe. Se ocorre o afogamento, hoje não estaria usurfruindo de tão amáveis poesias e nem tendo conhecimento das CARNAÚBAS.
    Voltar às Carnaúbas fará bem para seu ego. Recordar sempre nos traz alegria e respirar o ar puro também.
    De todas as fruteiras, tem uma que não conheço. COAÇU.
    Quanto as pedras usadas pelas lavadeiras de roupas, essas sim, conheci muito bem, pois na PICADA, elas também se faziam presentes.
    E o pé de mocó, também desconheço.
    Estou notando que as CARNAÚBAS era ou ainda é uma maravilha de sertão.
    Um abração.

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    1. O Mocó e o Coaçu são plantas raras. Lembranças enormes de minha infância. Custa lembrar e não entrstecer.
      Saudades!
      João Bitu

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