AS CARNAÚBAS
Logo ao lado do Riacho do Machado
Que banha com suas águas correntes
As margens férteis desde a nascente
Que se alonga até um fim afasrado,
Ali ficam as Carnaúbas, berço amado,
Onde Pompílio viu o meu nascimento
Iniciando o digno surgimento
Duma prole bem sucedida e amada
Que veio a ser chamada “a bituzada”
Por um poeta em inspirado momento.
Zé Bitu um líder bem sucedido
Cidadão de rara prudência e saber
Através de quem tudo havia de ser
Ministrado, com dispor exercido...
De certo modo era um homem introvertido
Não se prestando ao “disse me disse”
Que de qualquer esquina partisse
Limitando-se ao repente habitual
Que lhe era, por instinto, natural
Cujo na ocasião bem lhe surgisse.
Ao seu lado dedicando-se com ardor
Aos afazeres do lar de paz raríssima
Dona Vicentina esposa e Mãe castíssima
Tudo assistia e compartilhava com amor...
Sua afeição, seu zelo eram um primor
E consistiam em dar educação
Aos diversos filhos em formação
Reservando- lhes um futuro de grandeza
Mostrando-lhes sempre o bem com firmeza
Ao doar com carinho frutos do coração
Com quanta saudade lembro Tia Isa!
E Chiquinho, - ela cheia de amor e fé
Os dois ocupavam um lindo chalé
Que recebia agradável brisa
Cujo odor ainda me fertiliza
Pequenos detalhes aos quais me agarro
Por mais que sejam até bizarros,
Todo dia, mesmo tendo já jantado
Corria a degustar um bom pegado
Que ela deixava na panela de barro
Antonio Alves Bitu meu tio e padrinho
Por diversos conhecido por Seu Antõe
Ficou mesmo com o cognome “Nonõe”
A cuja alcunha atendia com carinho
Jamais se separava dum cigarrinho
Posto na boca ou atrás da orelha
Formando uma constante parelha.
De tanto fumar triste e penosa sina
Veio a contrair enfermidade maligna
Que ao tédio e raquitismo se assemelha.
Padrinho Afonso que era barbeiro
Amargava uma existência sacrificada
Herdou uma terra bem isolada
Num local conhecido por Romeiro
Ficava lá trabalhando o dia inteiro
Sem fazer em casa nem um desjejum
Lá ficava sem alimento algum
Somente quando, para casa voltava,
Era então que presto preparava
Um alimento qualquer bem comum.
Num casebre em penúria absoluta
Habitava Pompílio José Duó
Homem humilde, pobre que nem Jó
Que criava a família em árdua luta
Era, porém, de ilibada conduta
Que em decência e bondade submerso
Subsistia a tudo num viver adverso
Jamais deixava transparecer sua dor.
Com determinação, firmeza e ardor
Foi quem me trouxe a fazer versos
As Carnaúbas foram em minha vida
O berço da doce e feliz existência
Cenário da mais pura convivência
Fase que em tempo algum será esquecida...
Oh que saudade da infância querida
Das coisas tão belas que lá ficaram
Pátria em que amor e paixão abundaram
Suscitando esta simples e fiel história
Daquele sítio de saudosa memória
Onde estes fatos se registraram!.
João Bitu
IMPOSSÍVEL ESQUECER
LUAR DO SERTÃO
Vicente Celestino
Muito saudosista a poesia....já conhecia, vale a pena reprisar sempre, agora esse clip de VICENTE CELESTINO caiu bem na sua saudade das CARNAÚBAS. PARABÉNS!
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