Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

A estudante Tatiana Dezen, de 18 anos, moradora de Piracicaba (SP), escreveu um depoimento especial para o Tempo de Mulher. O atraso na hora de nascer gerou uma paralisia cerebral pela falta de oxigenação durante o parto, afetando a coordenação motora e causando espasticidade em seus membros. Confira o que ela tem a dizer sobre o Dia Nacional de Luta da Pessoas com Deficiência:
"Somos apenas 15% da população brasileira. Poucos, mas com as mesmas vontades e os mesmos direitos de ir e vir com segurança e autonomia. Por vezes, nos deparamos com lugares inapropriados para nos locomover, calçadas irregulares. Não queremos tudo adaptado, queremos acesso para fazer coisas triviais, que para os que têm mobilidade reduzida não é fácil.
Conheço muitas pessoas que batalham para conseguir um automóvel, enfrentam ruas inadequadas para poder estudar e trabalhar. Eu mesma faço estes caminhos com ajuda da minha mãe. Em alguns dias da semana, andamos aproximadamente 40 minutos, ela a pé, eu na cadeira de rodas. Cansa, mas vamos conversando, dando risada, vendo as vitrines, daí tudo melhora. Só que tem gente que não consegue fazer seus caminhos desse jeito. A luta é grande! Hoje tem mais automóveis adaptados, ônibus com elevador, mais rampas, as calçadas estão melhores. Acredito que está havendo uma grande mudança favorável aos que têm alguma deficiência.
Um olhar mais atento da política para com os deficientes, reivindicação dos mesmos e luta da família se transformam em fator comum para este avanço. Vejo algumas crianças com necessidades estudando em escolas regulares. Não tive problemas com a escola. Só no começo, quando as diretoras não queriam me aceitar, só isso. Educação e respeito perante as diferenças são fundamentais no convívio. Não é porque alguém não anda, não enxerga, não fala, que não pensa, não escreve. Ser deficiente não é ser incapaz.
Já conseguimos muitas coisas, mas há aquelas que merecem ser lembradas, como a saúde. Muitos de nós precisamos de órteses e próteses, que são muito caras. Precisamos de cirurgia, não por causa da estética e sim por necessidade, e elas são muito longas. Tem a questão também da falta de contratação de profissionais na área da saúde. Pois bem, é preciso fazer muitas coisas ainda.
O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência é uma oportunidade de reivindicar nossos direitos, não só expondo nossos problemas, porque todos têm em diferente grau. Os deficientes têm que ser tratados como um ser normal, porque na realidade, nós somos. Desde sempre encontro muitas pessoas que me ajudam e a elas eu agradeço, mesmo não me conhecendo e não tendo acesso aparentemente em determinado local. As cidades precisam, sim, estar preparadas para as pessoas com dificuldades e pessoas de boa vontade sempre serão bem-vindas."
Fonte - Tempo de Mulher