2 de agosto de 2011

Quase nada ficou do que tanto amei

Estava  lembrando da minha adolescência. Quando a gente tem 15, 16 anos, a coisa é outra, a gente curte mesmo. Sempre tirei férias na mesma época, a princípio como estudante, depois como professora. E me acostumei com as  férias de julho, nada mais. Quando meus pais ainda viviam eu me sentia na obrigação de me deslocar até onde eles moravam. Achava importante chegar lá, ficar pertinho, mesmo não curtindo muito os hábitos de cidade pequena mas eu ia. Depois eles vieram morar comigo por conta da fragilidade bem peculiar da idade e eu pude dar a assistência que eles tanto precisavam. Hoje me pergunto como eu tinha coragem de enfrentar uma viagem de 6, 7, 9 horas.Não me arrependo das muitas vezes que enfrentava a estrada só para ver o brilho nos olhos de meus pais, no orgulho de minha mãe apresentando a filha vitoriosa  mas tudo passou, tenho a consciência tranquila que fiz tudo por eles e estou em paz. Hoje vivo em constantes  férias que para mim são bem mais agradáveis, posso curtir minha casa, dormir tarde, acordar tarde, curtir meus livros, discos, visitar os amigos também em férias, encontrar pessoas que realmente fazem a diferença na minha vida. Acho que não tenho mais saudade de nada. Tudo passa e a vida continua. Meus valores são bem outros. alguns amigos implicam porque me acham distante, mon Dieu! Trabalhei tanto, me esforcei tanto para chegar a essa idade e poder finalmente fazer o que gosto e não ser obrigada a seguir o roteiro das outras pessoas. Decididamente,  não sou aquela pessoa que vive para agradar aos outros, para beneficiar aos outros, esperando certas " benefices" que custam caro demais, se sujeitando, fazendo não importa o que para estar em evidência. Eu já sou a evidência, mesmo quietinha  e é porque não faço questão de ser a sensação da festa. Num passado distante, fiz pelos meus pais e irmãos, por mais ninguém. Eu não mereço chegar onde cheguei e ainda ter que seguir valores  retrógrados para manter um padrão de vida que não condiz com a minha personalidade. Tudo tinha sentido quando meus pais ainda  estavam vivos, hoje é quase uma causa perdida....até a rua que a gente morava está sendo destruída. As ruas e escolas mudando de nome toda hora.Nada ficou do que tanto amei um dia.Ninguém faz nada, ninguém fala nada e se  reclamar.. torna-se PERSONNA NON GRATA. Muito lamentável. Não duvido nada que até a cidade perca a sua real identidade. Saudade de nada, ficam apenas os amigos que realmente me conhecem e me entendem, Nada mais,
Fátima Bitu

Um comentário:

  1. "Insistir naquilo que já não existe é como calçar um sapato que não te cabe mais... machuca, causa bolhas, chega à carne viva e sangra. Então é melhor ficar descalço, deixar livre o coração enquanto vive, deixar livre os pés, enquanto crescem. Quando a gente cresce( eu nem cresci), o número muda! Acho que amadureci, caiu a ficha...As vezes é preciso abrir mão do que a gente pensa que vale a pena, pra começar a entender onde realmente você merece ficar."

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