- Claude Bloc -
De repente um fio de ar mais fresco entrou pela janela da sala. Eu nem havia notado que a tarde estava se despedindo... Olhei pro relógio na hora em que batiam na igreja as 17 horas. O sol estava baixando. Na calçada cadeiras aguardavam um dedo de prosa .
Saí pelo portão entreaberto e me vi em frente à pracinha. Pracinha do Jambo. As cadeiras pareciam companheiras de sempre, uma ao lado da outra, juntinhas. Percebi nesse momento que o Crato fez da vida um cuidar de mim, dos meus sentimentos e estou contente porque o Pimenta é o bairro de minha infância e adolescência e a Françalegre ainda está lá quietinha, como quando era a casa era de papai.
Da rua, meu olhar atento se ocupa, como se fosse o dono dela. Vejo-me debruçada plantando manjericão, malva, cidreira, babosa e brigando com o vento para que deixe as calçadas limpinhas. Cenários se misturam. Tempo se embaraça. Horas tardam.
Há muito tempo minha rotina era a mesma. Eu precisava mudar. Se não aqui no Crato, na fazenda: assistindo ao tempo. Um tempo lento eu sei, tipo aquele que faz as crianças da rua crescerem um pouco a cada ano – e assim me vi pensando em como mudam as brincadeiras, as estaturas, os namoricos. Hoje as crianças são enormes, precoces e não brincam mais como eu fazia antigamente.
Penso nesse tempo. Nessa nesga de minha história. Um tempo que quase pára quando estamos proseando sobre a vida... Uma prosa tão boa como um bolo de puba saindo do forno. Tão boa que nem pela fome é interrompida. E então, nessa hora, paramos por um instante. Olhamos para o céu e já anoiteceu. Tá na hora de encostar a cabeça num sonho qualquer...
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Nessa hora, eu entro em casa e só me levanto dessa cadeira porque sei que amanhã me sentarei aqui mais uma vez, para sentir esse sereno do Crato e absorver as energias da Chapada. Para sentir que o bonito da vida é poder olhar para ela e olhar com essa simplicidade que adoça a nossa existência. Melhor ainda se for da calçada da minha casa. Onde eu abrigo a saudade de você.
Claude Bloc
Claude, como você divagou bem e ...devagar.Lembrei-me do divangoê divangoá de um velho amigo nosso. Depois voltarei ao assunto com calma.
ResponderExcluirFafá Bitu