26 de novembro de 2011

Entre 57 e 60 anos



Ainda não cheguei aos 60 anos mas estou prestes, minhas amigas todas festejando o 2 vezes 30 e eu ansiosa, afinal, estou com quase 58. Sinto-me uma adolescente esperando a grande data. Parece até que vou debutar e fico me perguntando: onde foram parar todos esses anos?
Às vezes volto ao tempo daquela menina assustada que chegou no EDUCANDÁRIO SANTA INÊS enfrentando colegas da pesada, revejo também aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma. Ainda sou aquela irmã aflita que viu seus irmãos saírem para estudar fora, casar e eu sabendo que não teria a menor condição de sair de perto de meus pais. Passei  pela tal crise dos 30, mas estava ocupada demais com meus livros, já pensando no meu futuro. Aos 45  alimentei o sonho da famosa viagem à França. Os 50 me encontraram já chegando à aposentadoria e cuidando da minha irmã com Alzheimer. Fiquei tão absorvida diante de tanta responsabilidade que nem notei a passagem da menopausa e da aposentadoria.
Agora aos 57 anos, me pergunto onde está a coroa que eu esperava ser nessa idade e onde se escondeu aquela jovem sonhadora que me olhava do espelho todas as manhãs....
Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano, Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte  e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e da liberação sexual ao bebê de proveta e ao pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos 5 títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).
Nasci na época em que a televisão chegava ao Brasil, mas na minha cidade chegou bem mais tarde depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei por 3 reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet. Continuo fazendo  tradução, faço montagens, pesquiso muito e virei blogueira formando um grupo com quem  componho a minha história.
Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço caminhadas matinais com minha irmã Zezê,  me alimento moderadamente e durmo bem, gosto de fotografia, música, leio muito e viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.
Desde que me aposentei como professora de francês, faço tradução quando me é conveniente e se o assunto me interessar.
Cuido de mim, da minha aparência, deixei de usar óculos(13 e 15 graus) graças à famosa redução de miopia.Há marcas do tempo, e não somente rugas e uns quilos a mais, mas também cicatrizes na perna esquerda vitimada da poliomielite.
 Ah!  Dos meus 57 anos?
Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente:  aTPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.
Os familiares e amigos que o digam!

6 comentários:

  1. Parabéns minha irmã, valeu! Escreveu muito bem e descreveu as ocorrências mais importantes de sua delicada existência. Foram acontecimentos vários que contribuiram para sua grande experiência e sabedoria. Parabéns. Estou orgulhoso verdadeiramente. Um abraço. João Bitu

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  2. Meu irmão, na pouca experiência de blogueira, aprendi que a gente não deve contar os detalhes minuciosos...claro que omiti muita coisa...as pessoas não se interessam por detalhes muito nossos(às vezes penoso) mas saiba que você e Donha Lulu estão incluídos nessa trajetória mas precisamos ser formais nesse mundo blogger. Não se intimide, quando precisar postar...é só dar um toque no celular ou mesmo por e-mail. Estarei de braços abertos para te receber SEMPRE.
    Fafá

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  3. É...

    Fátima Bitu:

    Você simplesmente se modernizou, adaptando-se facilmente a era da tecnologia da informação.

    A sua trajetória é brilhante, e não poderia ser diferente, a sua garra de guerreira é indestrutível, vem do berço.

    Sessentinha está bem alí na esquina da vida te esperando.

    A sua intrepidez, a sua garra e por que não dizer, o seu destemor, lhe permitiram construir no passado o seu presente, hoje vivenciado com todos os direitos. Tudo isto é conquista e você não teria se não tivesse ido à luta.

    E hoje você está construindo o seu amanhã, que certamente será brilhante.

    Muita paz para você Maria de Fátima Bitu. Eu só posso te dar PARABENS por tudo que você conseguiu e pelo que ainda conseguirá.

    Vicente Almeida

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  4. Meu irmão, na pouca experiência de blogueira, aprendi que a gente não deve contar os detalhes minuciosos...claro que omiti muita coisa...as pessoas não se interessam por detalhes muito nossos(às vezes penosos) mas saiba que você e Dona Lulu estão incluídos nessa trajetória mas precisamos ser formais nesse mundo blogger. Não se intimide, quando precisar postar...é só dar um toque no celular ou mesmo por e-mail. Estarei de braços abertos para te receber SEMPRE.
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    Pois é, Vicente,é humanamente impossível viver sem essa tecnologia. Resisti enquanto pude mas dei de cara com ela e ainda carregando meus parentes e aderentes, rs Agora me preparo para o sessentinha que está mesmo alí na esquina da vida me esperando e agora estou construindo o meu amanhã, com a brilhante ajuda de bons amigos como você que me iluminam. Confesso que amadureci e quero ir além. Obrigada, mestre, pelo apoio SEMPRE.
    Fafá

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  5. FAFÁ,assim como João, recordo cada passagem da sua vida . E sou muito feliz porque participei de quase todas, aquelas que eu não estava do seu lado,eu estava torcendo. Enquanto você espera pelos sessenta,eu espero os setenta,uma década nos separa mas é como tivéssemos a mesma idade. Abraço futura sexagenária.CLEIDE.

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  6. Pois é, Maria Cleide, concordo e me emociono em vê-la testemunhando tudo isso. A gente sempre teve uma amizade muito forte e vamos aos 60/70 com toda garra que nos é peculiar. Quero ver você bem mais presente aqui no blog e não tenha medo de errar, sinta-se aqui em casa quando a gente bate longos papos, é a mesma coisa. Abraço,
    Fafá

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