EU E AS MUITAS SAUDADES
Eu nasci lá nas Lagoas
Do velho ZÉ VITORINO
Estimado pelas pessoas
Desde os tempos de menino.
Nossa casa era ao lado
Do RIACHO DO MACHADO
Em clima ameno e junino!
Na frente do casarão
Tinha uma árvore que só
De lembrá-la a emoção
Na garganta dá-me um nó
Meu peito ainda se agita
Com aquela coisa bonita
O frondoso PAU MOCÓ
Bem junto do quintal
Tinha um pé de sabonete
Que sombreava o curral.
para o gado em deleite
Onde se via cabisbaixa
Nossa vaca PONTA BAIXA
da família - a mãe de leite
O luar das Carnaúbas
É mais belo que o da cidade
Nenhum prédio lhe derruba
A saudável claridade.
O luar do meu Sertão
Embevece o coração
E o acalenta de verdade!
Quando chegava o verão
A cultura das sementes
E o transporte do algodão,
Tem no terreiro da frente
Os burros comiam feno:
VENEZA, MIMOSO E MORENO,
MELÃO, DOURADA E CORRENTE!
Dessa tropa de animais
Posso esquecer mas não quero
De vela posta em currais
Sob os cuidados austeros
Porém corretos e ordeiros
Daqueles bravos tropeiros
JOSIAS E ZÉ SEVERO!
A minha humilde infância
Modesta sim, mas querida,
Num clima de tolerância
Sem luxúria foi vivida.
O sertão foi meu berçário
Onde cursei o primário
Com Zeli e Margarida!
Não posso esquecer do Lope
E da manga do Jaburu
Quando tirava a galope
Da cacimba ao COUAÇU
E da escola – o meu grupinho
Carlos, Lauro de Agostinho,
E Francisca de Pupu!
As quermesses do Juazeirinho
Uma tradição mui rica
Tinha milho bem verdinho
Muita pamonha e canjica
Na minha infância modesta
Nunca perdi uma festa
Do Velho Miguel Marica
Saudades bem verdadeiras
Daqueles pés de JUÁ
Que ficavam na ribeira
Das terras do JATOBÁ
Sinto um desejo medonho
De rever IRENE E ANTÔNIO
SEU MOISÉS, ROSA e o tIar!
NENEM DE ZÉ DE ISMAEL
Minha estimada comadre
BAIA, CHICO E JOEL,
Muito mais do que compadres
amigos até à morte
E lá no sítio Boa Sorte
Dona Maria e Zé do padre
POMPILHO JOSÉ DUÓ
Criado com Zé Vitorino
Era pobre que nem Jó
mas decente e muito fino
Um amigo de primeira
E a velha lavadeira
Madalena de Pinino!
Oh! Que saudades que eu tenho
Da gente lá do meu CENTRO
Das minhas idas ao engenho
Lá da Lagoa de Dentro
Dos giraus que o pai montava
E que Mamãe aguava
“de cebolinha e coentro”!
Lembro a moita das galinhas
As touceiras de jitirana
As grandes safras de pinha
E dos pés de cajarana.
Lembro também no terreiro
De um enorme mamoeiro
De frutos tais mel de cana!
Das matas de marmeleiro
Jurema, sarça e Oiti,
Mofumbo branco e pereiro
Mandacaru eTingui
Malícia e Arapiraca,
Juazeiro e alfavaca
Nada disto há por aqui!
Hoje moro na cidade
Com minh`lma dividida
Preso à doce mocidade
Sem poder trocar de vida
Por mais que ame o Sertão
É aqui que ganho o pão
_ Apesar da vida sofrida!
Fortaleza, 22 de outubro de 1992
Um dia, você me enviou essa poesia e eu fiquei alimentando a idéia de te receber aqui no blog. Hoje realizo meu grande sonho. Fique à Vontade!
ResponderExcluirA casa é sua,
Fafá
As coisas estão caminhando com JESUS à frente
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