22 de novembro de 2011

MOTE LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.

NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL

Quem chegou aqui primeiro
Com título de capitão
Na companhia do irmão
Foi Agostinho Pinheiro.
Tomou a posse ligeiro
Reconheceu o local,
Retornou a Portugal
E o irmão ficou apossado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Aqui o padre Vieira
Fez batizado e sermão
O jumento nosso irmão
Ele viu na capoeira.
Sentou no pau da porteira
Olhou para o animal
Fez o texto inicial
Que depois foi editado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Escutei muito baião
Tocado por Pedro Souza
Que era quase a mesma coisa
Do toque do Gonzagão.
Depois de uma infecção
O artista passou mal
Faleceu na capital
Mas aqui foi sepultado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Nesse vale antigamente
O povo rezava mais
Não tinha gente capaz
De mexer com penitente.
Na rua de São Vicente
Tinha banda cabaçal,
Roda de maneiro pau
E a festa de reisado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Quando o Santo padroeiro
Viu a torre despencando
Ficou no alto esperando
Pelo corpo de bombeiro.
Desceram o santo primeiro
Em seguida o pedestal,
Rezaram missa campal
E a banda tocou dobrado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Foi um dos irmãos Pinheiro
Que numa atitude boa
Deu de presente a lagoa
Para o nosso padroeiro.
Mas um grupo interesseiro
Tomou a posse ilegal
E nessa trama infernal
O santo foi deserdado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Não sei quem me batizou
Porque nunca fiz questão
Mas foi o frei Damião
O frade que me crismou.
Em seguida me mandou
Fazer o pelo sinal,
Na frente do pessoal
Pra ficar abençoado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Conheci Manoel Tetê
Oficial de justiça
Que era curto da vista
Mas teimoso como o que.
Morreu sem saber porque
Meirinho é oficial
Mas com um ganzá de metal
Nunca molhou um mandado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Raimundo Lucas Bidinho
Poeta varzealegrense
Escreveu no “ Cearense “
Que não passou no moinho.
Disse que ficou sozinho
Vivendo do Funrural,
Sem ter acesso ao real
Como todo aposentado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Foi Antônia Cabeleira
Quem fez papel de cegonha,
Mas os cabras sem vergonha
Tratava por cachimbeira.
Ela da sua maneira
Fazia o parto normal,
Sem precisar hospital
Nem aparelho ligado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Num dia bem inspirado
Foi que José Clementino
Desenvolveu nosso hino
Com Mestre Antônio de lado.
Musicaram num dobrado
Deram o retoque final
E por lei municipal
Foi aceito e aprovado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Aqui o Sávio Pinheiro
Desenvolveu seu repente,
Rimando e salvando gente
Num projeto pioneiro.
Ganhou o Brasil inteiro
O projeto cultural,
De um poeta imortal,
Que foi nascido e criado,
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL

Tem água na região
Do açude do São Vicente,
Mas mesmo assim teve gente
Que foi contra a construção.
Gente que fez confusão
No projeto inicial,
Mas com a decisão final
Ficou feito e aprovado.
NESSE VALE DO MACHADO
DE ZÉ RAIMUNDO E DUDAL.

Raimundinho Piau
Várzea Alegre-Ce

Dedicado ao poeta João Bitu.

Um comentário:

  1. Um poema da mais alta beleza e importância. Bem urdido, bem rimado, bem distribuido e altamente comovedor. Sinto-me deveras honrado com sua dedicatória a este humilde colega. Aspiro futuramente chegar a tão elevado nível poético.
    Um abraço,
    João Bitu

    ResponderExcluir